Resposta imediata à seca
06 de abril de 2004

Imagens feitas do espaço por um espectrômetro são usadas pela primeira vez para analisar a fisiologia da Amazônia. Como resultado, foram descobertos detalhes importantes de como a vegetação se comporta durante os períodos de pouca chuva

Resposta imediata à seca

Imagens feitas do espaço por um espectrômetro são usadas pela primeira vez para analisar a fisiologia da Amazônia. Como resultado, foram descobertos detalhes importantes de como a vegetação se comporta durante os períodos de pouca chuva

06 de abril de 2004

 

Agência FAPESP - A imensidão da Amazônia costuma atrapalhar os cientistas. Por causa da complexidade do ambiente, entrar nos detalhes da fisiologia vegetal da floresta nem sempre é fácil. Responder a perguntas aparentemente simples – como, por exemplo, quais são as alterações elementares, em nível de cobertura foliar, no período de seca – são, na realidade, tarefas complexas.

Com o objetivo de obter dados básicos da região quando o período de seca se instala, seja natural ou provocado por fenômenos de origem antrópica como o El Niño, um grupo de pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos resolveu apelar para o espaço. Mais precisamente para as imagens registradas por um espectrômetro a bordo do satélite Earth Observing 1, lançado pela Nasa, a agência espacial norte-americana, em 2000.

Segundo um estudo publicado na edição de 5 de abril da Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), liderado pelo norte-americano Gregory Asner, do Departamento de Ecologia Global do Instituto Carnegie, a nova técnica se mostrou viável para estudos ecológicos mais detalhados.

Além das imagens de uma área da Amazônia, os pesquisadores usaram dados obtidos a partir de um experimento realizado em campo. Eles cobriram, com uma espécie de plástico transparente, 10 mil metros quadrados da floresta para criar um ambiente quase totalmente desprovido de chuvas. Na realidade, por causa das árvores mais altas, a cobertura dessa região teve uma eficiência real de 75%.

Enquanto no campo se mediu a quantidade de chuva, a presença de água no solo e a cobertura vegetal, as imagens espaciais – por meio do registro de diferentes espectros da luz – foram empregadas para identificar alterações na produtividade primária da floresta. Também se mediu, do espaço, como se comporta a água de superfície durante a seca.

Os cientistas descobriram que a produtividade primária da floresta amazônica – processo que se relaciona diretamente com o ciclo do carbono – é muito mais sensível ao período sem chuvas do que se imaginava. Os modelos tradicionais usados para o estudo da floresta, que englobam medições de campo além da utilização de sensoriamento remoto, não conseguiram identificar essa rápida resposta da selva à seca.

Os outros envolvidos na pesquisa são: David Ray, do Centro de Pesquisas Woods Hole, nos Estados Unidos; o também norte-americano Daniel Nepstad, do mesmo centro e um dos fundadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam); e a brasileira Gina Cardinot, do Ipam.


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