Resistência fúngica
30 de outubro de 2006

Não há um teste confiável atualmente para detectar a resistência de fungos a medicamentos, afirma Mariceli Araújo Ribeiro, da Ufes, cujo grupo tenta desenvolver exames mais eficientes

Resistência fúngica

Não há um teste confiável atualmente para detectar a resistência de fungos a medicamentos, afirma Mariceli Araújo Ribeiro, da Ufes, cujo grupo tenta desenvolver exames mais eficientes

30 de outubro de 2006

 

Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro

Agência FAPESP - Assim como as bactérias, alguns tipos de fungos, antes sob controle, evoluíram e começaram a apresentar resistência a drogas antifúngicas.

Não existe um teste confiável para detectar essa resistência, explica Mariceli Araújo Ribeiro, chefe do Laboratório de Diagnóstico Micológico do Departamento de Patologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Não há algo como o antibiograma, teste de padrões de resistência ou suscetibilidade de uma bactéria específica a vários antimicrobianos (antibióticos ou quimioterápicos).

"O teste padrão, utilizado internacionalmente, foi desenvolvido por um grupo dos Estados Unidos há nove anos, mas hoje apresenta problemas", disse durante o 3º Simpósio de Resistência a Antimicrobianos, realizado na semana passada no Rio de Janeiro.

Mariceli, que trabalha com fungos há 25 anos, coordena uma pesquisa que tem como objetivo aperfeiçoar o teste utilizado atualmente. A estratégia do estudo é quantificar a concentração da droga capaz de inibir o crescimento do fungo e correlacioná-la com a possível resposta do paciente a essa droga durante o tratamento. A idéia é seguir os passos dos antibiogramas.

A pesquisadora destacou a resistência dos fungos. "Eles têm diversos mecanismos para driblar a ação de drogas que, em sua maioria, têm como alvo o ergosterol, molécula exclusiva da membrana citoplasmática do fungo", disse.

"Uma maneira de oferecer resistência é provocar o aumento dessas enzimas, que seriam inibidas pela droga. Os fungos resistentes têm mais enzimas. Como não se pode aumentar a quantidade do medicamento, ele acaba se tornando ineficaz", observou. Segundo ela, o fungo resistente também tem a capacidade de lançar a droga para fora da célula.

Embora no Brasil os fungos mais comuns sejam os causadores de micoses de pele e de unhas, é a cândida, espécie que provoca a candidíase (o popular "sapinho"), que tem oferecido maior resistência aos antifúngicos, especialmente entre a população HIV positiva, pacientes transplantados e oncológicos.


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