Reservas jovens e promissoras
03 de novembro de 2005

Pesquisador da UnB fez a datação das águas do Distrito Federal e aponta que os reservatórios da região se formaram recentemente, o que pode garantir o suprimento por um bom tempo

Reservas jovens e promissoras

Pesquisador da UnB fez a datação das águas do Distrito Federal e aponta que os reservatórios da região se formaram recentemente, o que pode garantir o suprimento por um bom tempo

03 de novembro de 2005

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Um estudo que fez a datação das reservas de água subterrâneas do Distrito Federal teve conclusões positivas e otimistas. Segundo a pesquisa, como os reservatórios da região são relativamente novos, ela pode não sofrer com a falta de água por um bom tempo.

A pesquisa "Estudos hidrogeológicos e isotópicos em águas subterrâneas do Distrito Federal: modelos conceituais dos aqüíferos", de autoria de Enéas Oliveira Lousada, pesquisador do Instituto de Geociências (IG) da Universidade de Brasília (UnB), indica que os reservatórios de água do Distrito Federal se formaram na década de 1960.

O estudo envolveu a coleta de seis amostras em diferentes pontos da bacia do Rio Jardim, a leste do Distrito Federal. A bacia foi escolhida por apresentar todos os tipos de solo da região. "Pegamos amostras de águas superficiais, em meio poroso, e amostras de águas mais profundas, em meio fraturado", disse Lousada à Agência FAPESP. "O objetivo foi comparar essas amostras para ter uma idéia do período em que as águas da chuva se infiltraram nos aqüíferos."

As amostras foram analisadas na Alemanha, onde os técnicos verificaram na água uma pequena presença – insuficiente para poluir as reservas – de compostos como clorofluorcarbonetos (CFC) e o trítio, um gás isótopo do hidrogênio. "Analisando a concentração desses elementos nas amostras, chegamos à conclusão de que as águas subterrâneas do Distrito Federal surgiram por volta de 1967", garante o geólogo, que realizou o estudo para a tese de doutorado apresentada na UnB.

Lousada explica que, quanto mais jovens são as águas, mais rapidamente os aqüíferos são renovados e mais eficiente é o ciclo hidrológico. "As águas da chuva penetram no solo com mais facilidade para ocupar os espaços disponíveis nos reservatórios subterrâneos. No caso do Distrito Federal, ainda temos muitos aqüíferos a serem explorados", afirma.

Apesar da dificuldade em estimar a demanda exata, grande parte das cidades da região é abastecida por águas subterrâneas. Segundo a pesquisa, a região apresenta uma situação bastante estável, uma vez que os períodos de chuva são regulares e abastecem os aqüíferos durante todo o ano.

"Por conta disso, o Distrito Federal deverá ter água subterrânea suficiente para os próximos 20 ou 30 anos, pelo menos, se mantido o consumo atual. Porém, a grande preocupação é conscientizar a sociedade para a exploração racional dos reservatórios", alerta Lousada.

O estudo recebeu a colaboração do laboratório alemão Hydroisotop, que ficou responsável pelos exames de datação, além da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec).


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