Cientistas de 13 países publicam manifesto pela criação de um painel internacional de biodiversidade para reunir cientistas, governos e demais setores da sociedade (foto: Biota-FAPESP)
Cientistas de 13 países publicam manifesto pela criação de um painel internacional de biodiversidade para reunir cientistas, governos e demais setores da sociedade. Para os proponentes, é chegada a hora da ação para evitar uma tragédia que pode ser irreparável ao planeta
Cientistas de 13 países publicam manifesto pela criação de um painel internacional de biodiversidade para reunir cientistas, governos e demais setores da sociedade. Para os proponentes, é chegada a hora da ação para evitar uma tragédia que pode ser irreparável ao planeta
Cientistas de 13 países publicam manifesto pela criação de um painel internacional de biodiversidade para reunir cientistas, governos e demais setores da sociedade (foto: Biota-FAPESP)
Agência FAPESP - Mais do que uma simples – e triste – constatação, a perda da biodiversidade representa uma grave crise que pode se transformar, em pouco tempo, em uma tragédia irreparável. As forças que têm levado o planeta a tal prejuízo, como a destruição de hábitats naturais, a introdução de espécies invasoras, a superexploração de recursos biológicos, a poluição e a mudança climática global, têm acelerado consideravelmente.
O resultado? "Cerca de 12% de todas as espécies de aves, 23% dos mamíferos, 25% das coníferas e 32% dos anfíbios estão ameaçados de extinção. Apenas a mudança climática pode levar de 15% a 37% das espécies existentes à extinção prematura nos próximos 50 anos."
A afirmação está publicada na edição de 20 de julho da revista Nature, em comentário assinado por Michel Loreau, do Departamento de Biologia da Universidade McGill, no Canadá, e outros 18 cientistas de 13 países.
Os pesquisadores querem avançar a idéia lançada em 2005, na França, com a criação do International Mechanism of Scientific Expertise on Biodiversity (Imoseb), para o estabelecimento de um organismo internacional – que poderá ser o próprio Imoseb ou outro novo – de especialistas em biodiversidade, objetivo e independente, a exemplo de modelos como o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
"Há uma necessidade urgente de um mecanismo que seja capaz de reunir a expertise da comunidade científica, de modo a fornecer informações validadas e independentes, relacionadas à biodiversidade, a governos, tomadores de decisão, convenções internacionais, organizações não-governamentais e ao público em geral", escreveram os autores.
"Na última década, houve um avanço enorme no conhecimento científico adquirido sobre a biodiversidade, mas ainda há um distanciamento muito grande entre esses ganhos e políticas para tentar reverter a perda da biodiversidade global", disse Carlos Alfredo Joly, professor do Departamento de Botânica da Universidade Estadual de Campinas, à Agência FAPESP. "Por conta disso, a proposta da criação de um painel de cientistas que atuem de forma ativa é excelente e muito bem-vinda."
Segundo Joly, o conhecimento adquirido pelos pesquisadores brasileiros, em iniciativas como o Biota-FAPESP, o programa de pesquisas em caracterização, conservação e uso sustentável da biodiversidade do Estado de São Paulo, poderá ser muito útil para o painel que se pretende criar a partir de agora.
Consulta internacional
Para os proponentes do novo organismo, a hora é de ação. Segundo eles, não se pode perder mais tempo, tendo em vista o cenário de "grande crise de biodiversidade" vivido pelo planeta. O momento também exige união entre especialistas na área em todo o mundo.
"Precisamos da diversidade de opiniões e de abordagens, mas também necessitamos de unidade por trás desse esforço coletivo, de modo a falar uma única voz globalmente ao reconhecer assuntos importantes e como eles podem ser mais bem direcionados", disse Loreau.
A iniciativa passará por um período de 18 meses em que será realizado um processo de consulta em duas fases, supervisionado por um comitê internacional.
Na primeira, serão realizados estudos para definir necessidades e objetivos de um painel em biodiversidade. Esses estudos irão examinar o cenário de políticas sobre o assunto, analisar sucessos e fracassos de iniciativas de conservação e avaliar mecanismos de produção do conhecimento científico.
Na segunda fase, toda a informação reunida será usada para articular um conjunto de recomendações para o painel, que será apresentado em uma série de encontros regionais com o objetivo de consultar os mais diversos setores da sociedade em todos os continentes.
"Conclamamos todos os cientistas interessados na ciência da biodiversidade para que se envolvam e busquem a participação de seus governos nesse processo de consulta", escreveram os proponentes.
A partir desta semana, um fórum de discussões será inaugurado pelo Imoseb para reunir opiniões de interessados e organizar o processo de consulta para a criação do painel internacional de biodiversidade.
Mais informações: www.imoseb.net
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