Relação professor-aluno
10 de outubro de 2003

Entrevistas com professoras de escolas da região de Campinas constataram que os alunos surdos, na prática, apesar de terem um grande potencial de aprendizagem, costumam receber um tratamento excludente na sala de aula

Relação professor-aluno

Entrevistas com professoras de escolas da região de Campinas constataram que os alunos surdos, na prática, apesar de terem um grande potencial de aprendizagem, costumam receber um tratamento excludente na sala de aula

10 de outubro de 2003

 

Agência FAPESP - As crianças surdas que freqüentam escolas regulares teriam mais dificuldades para aprender, em função da falta de preparo especializado dos professores. Este foi o pano de fundo da pesquisa "O aluno surdo na escola regular: imagem e ação do professor", das pesquisadoras da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Angélica Bronzatto de Paiva e Silva e Maria Cristina da Cunha Pereira. O objetivo foi conhecer a imagem que os professores têm da surdez e do aluno surdo, bem como a influência dessa imagem na sua prática pedagógica.

A pesquisa teve como base a análise de entrevistas e observações de sete professoras do Ensino Fundamental que lecionam em escolas municipais ou estaduais da região de Campinas e têm alunos surdos na sala de aula. A interpretação dos dados foi fundamentada em quatro categorias temáticas: intelectual, comportamental, aprendizagem e linguagem.

"O fato de o professor não estar devidamente preparado para receber o aluno surdo é realidade, e acontece com a maioria dos professores de escola regular", diz o artigo referente ao estudo, disponível na biblioteca eletrônica Scielo. "Assim, quando o professor recebe esse aluno, muitas vezes exibe idéias preconcebidas ou concepções equivocadas a respeito da surdez".

Os dados obtidos na pesquisa apontaram que as professoras consideram os alunos surdos inteligentes. Algumas afirmam que o aluno surdo é esperto, participante, atento a tudo, e que faz todos os exercícios. "Porém, embora muitos surdos consigam se comunicar oralmente e por escrito, a grande maioria não ultrapassa o nível de decodificação das mensagens, muitas vezes sem atribuir um sentido ao que foi compreendido, o que compromete a aprendizagem", diz o artigo.

Na prática, os alunos deficientes auditivos são tratados como excluídos, pois se exige menos deles e se tolera muito mais comportamentos e atitudes, diferente do que a professora faz com os outros alunos. As pesquisadoras concluíram que as atitudes das professoras deixam transparecer a imagem de que o aluno surdo é menos capaz, apesar do discurso das entrevistas ser outro, pois todas as professoras pareciam tratar os alunos como tendo muita dificuldade para acompanhar o processo escolar.


Link do artigo no Scielo www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722003000200010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt


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