Para Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, o governo deveria construir um conjunto de indicadores que avaliasse a interação entre universidades e empresas (Foto: E. Geraque)
Na Conferência do Sudeste, Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, sugere que o Brasil construa um conjunto de indicadores que avalie a interação entre universidades e empresas
Na Conferência do Sudeste, Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, sugere que o Brasil construa um conjunto de indicadores que avalie a interação entre universidades e empresas
Para Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, o governo deveria construir um conjunto de indicadores que avaliasse a interação entre universidades e empresas (Foto: E. Geraque)
Agência FAPESP - A relação entre universidade e empresa pode ser profícua. Para a universidade, a aproximação com o setor privado contribui para a educação dos estudantes e coloca novos temas para pesquisa. Para a empresa, ela ajuda na inovação.
"Mas é mais fácil a universidade ajudar a empresa que já desenvolve P&D [pesquisa e desenvolvimento] do que aquela que não faz", ressalvou Carlos Henrique de Brito Cruz. O diretor científico da FAPESP participou do grupo de trabalho que analisou a relação entre universidades e institutos de pesquisas com as pequenas e microempresas, um dos temas da Conferência do Sudeste de Ciência, Tecnologia e Inovação, que terminou na quinta-feira (4/8), em Belo Horizonte.
O baixo porcentual de inserção dos cientistas brasileiros em empresas, de 23%, reflete o igualmente baixo investimento do setor privado em P&D. Brito Cruz lembrou que na Coréia do Sul 53% dos pesquisadores estão em empresas, sendo que a grande maioria está empregada em centros de pesquisa de pequenas e médias empresas, que buscam a ajuda das universidades para desenvolver e aperfeiçoar produtos e processos.
No Brasil, a conversão do conhecimento em inovação e o número de pesquisadores em empresas são muito baixos. O diretor científico da FAPESP lembrou que nem sequer o número de empresas com centros de pesquisa é conhecido por não ser avaliado. Na Coréia do Sul, ao contrário, o número de centros de pesquisa é contabilizado a cada dois meses.
Brito Cruz sugeriu que, além de medir o número de centros de pesquisa, o Brasil também deveria construir um conjunto de indicadores que avaliasse a interação entre universidades e empresas, como, por exemplo, o valor dos projetos, número de patentes licenciadas e número de estudantes empregados em departamentos de P&D.
Segundo avaliou, a interação entre universidade e empresa pode se dar de várias formas. E citou pelo menos nove, que vão desde a formação de profissionais qualificados para empresas até a operação conjunta de laboratórios, passando por contratos informais e contratos de P&D.
Brito Cruz lembrou que a Medida Provisória 252, conhecida como a "MP do Bem", editada em julho, desonerou, por meio da subvenção, a contratação de pesquisadores por empresas. "Mas, para a inovação crescer, ainda falta parceria com investidores, associação com empreendedores e apoio do Estado." Ele ressalvou também que não dá para converter o cientista em negociador: "É mais adequado associá-lo com quem sabe fazer isso".
Cláudio Furtado, vice-reitor da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, que também participou do encontro, relatou experiências bem-sucedidas de relações com empresas no desenvolvimento de novos produtos, como o milho híbrido, feijão, café e a soja.
Para o avanço das parcerias, segundo Furtado, seria necessário identificar "gargalos" que impedem a multiplicação de acordos que permitam a inovação continuada. Na avaliação de José Roberto Tavares Brando, da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), o país demanda um sistema de inovação organizado.
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