Dos mais de 13 mil objetos identifícáveis na órbita terrestre, apenas 700 são satélites funcionais. O resto é lixo

Regras para o lixo espacial
19 de abril de 2005

Cientistas da Agência Espacial Européia apresentam em conferência na Alemanha um código de conduta para tentar diminuir o problema dos detritos lançados por foguetes e satélites na órbita terrestre

Regras para o lixo espacial

Cientistas da Agência Espacial Européia apresentam em conferência na Alemanha um código de conduta para tentar diminuir o problema dos detritos lançados por foguetes e satélites na órbita terrestre

19 de abril de 2005

Dos mais de 13 mil objetos identifícáveis na órbita terrestre, apenas 700 são satélites funcionais. O resto é lixo

 

Agência FAPESP - Desde 1957, quando o Sputnik se tornou o primeiro artefato humano a orbitar a Terra, mais de 4 mil lançamentos foram feitos ao espaço. O enorme ganho tecnológico conseguido em áreas como telecomunicação ou geografia – para citar apenas duas – trouxe a reboque um problema indesejável: o lixo. Satélites quebrados, pedaços de foguetes e uma infinidade de sobras metálicas circundam o planeta e oferecem um risco cada vez maior de atingir equipamentos funcionais e altamente valiosos.

Hoje, dos mais de 13 mil objetos identifícáveis na órbita terrestre, apenas cerca de 700 são satélites funcionais. O resto é lixo. Para discutir o atual estágio do problema e lançar alternativas que possam solucioná-lo, cientistas de diversos países reúnem-se de 18 a 20 de abril na 4ª Conferência Européia de Detritos Espaciais, em Darmstadt, na Alemanha.

Na cidade que sedia o evento fica o Centro de Operações Espaciais (Esoc) da Agência Espacial Européia (ESA), que tem estudado há anos o tema do lixo espacial. Idéias dos pesquisadores do centro ganharam forma com a criação de um código de conduta para lidar com os detritos, que está em produção e terá uma versão preliminar apresentada na conferência.

"São pontos baseados no bom senso, que incluem medidas aceitáveis para qualquer fabricante ou operador de equipamentos espaciais. Algumas dessas medidas já vêm sendo adotadas, a custo muito baixo", diz Ruediger Jehn, do Esoc, em comunicado da instituição.

"Os conceitos básicos são simples: não piore a situação atual; reduza ou previna a geração de novos detritos; e, acima de tudo, ajude a proteger as altamente valiosas órbitas baixas e geoestacionária", disse Jehn.

O Código Europeu de Conduta para Diminuição de Detritos Espaciais está sendo escrito por um grupo de cientistas de unidades da ESA na Itália, na França, no Reino Unido e na Alemanha.

Os responsáveis pelo código sabem que sua implementação certamente será muito complexa, pois deverá enfrentar uma grande resistência por parte da indústria aeroespacial. Apesar de haver pontos fáceis de serem adotados, outros implicariam custos elevados ou aumento de riscos.

Um exemplo está nos tanques de combustível. Lançadores costumam carregar combustível extra, caso precisem da queima por um tempo mais longo do que o inicialmente planejado. O problema é que o combustível restante continua nos estágios descartados e, com o tempo, acabam explodindo, lançando um elevado número de detritos, dos mais variados tamanhos.

De qualquer maneira, os responsáveis pelo código acreditam que o assunto seja suficientemente grave para estimular a indústria aeroespacial a pelo menos discutir alternativas. Segundo eles, o interesse é de todos, pois o espaço orbital terrestre pode ser grande, mas não é infinito.

4ª Conferência Européia de Detritos Espaciais: http://www.congrex.nl/05a10

Mais informações: www.orbitaldebris.jsc.nasa.gov


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