A partir de amostras de gelo obtidas nas profundezas antárticas, cientistas conseguem analisar as condições atmosféricas há 650 mil anos (foto: divulgação)

Registrado no gelo
25 de novembro de 2005

A partir de amostras obtidas nas profundezas antárticas, cientistas conseguem analisar as condições atmosféricas há 650 mil anos. Desde então, os níveis de dióxido de carbono nunca estiveram tão altos

Registrado no gelo

A partir de amostras obtidas nas profundezas antárticas, cientistas conseguem analisar as condições atmosféricas há 650 mil anos. Desde então, os níveis de dióxido de carbono nunca estiveram tão altos

25 de novembro de 2005

A partir de amostras de gelo obtidas nas profundezas antárticas, cientistas conseguem analisar as condições atmosféricas há 650 mil anos (foto: divulgação)

 

Agência FAPESP - Qual é o papel do homem nas mudanças climáticas? Pelo menos do ponto de vista da emissão de gases que contribuem para o efeito estufa, a influência parece incontestável – e grande.

A edição de 25 de novembro da revista Science traz dois artigos que mostram que os níveis de dióxido de carbono na atmosfera nunca foram tão altos, pelo menos nos últimos 650 mil anos. Os novos estudos ampliam os registros de gases em amostras de gelo antártico em 50%. Até agora, os mais antigos tinham 440 mil anos.

A partir da análise de dados atmosféricos disponíveis desde meados do século 20, os cientistas conseguem estipular as mudanças nas concentrações de diversos gases nos últimos 200 anos. Mas, para saber como era a atmosfera do planeta anteriormente, é preciso recorrer a amostras armazenadas nas profundezas de geleiras.

A nova análise foi feita a partir de bolhas de ar contidas em amostras de gelo colhidas em uma região da Antártica conhecida como Epica Dome C, por integrantes do Projeto Europeu para Núcleos de Gelo Antártico. Um dos estudos publicado agora descreve a relação entre o clima e o ciclo do carbono no Pleistoceno, entre 650 mil e 390 mil anos atrás. Outro estudo documenta as variações nos níveis de metano e óxido nitroso no mesmo período.

Os cientistas envolvidos acreditam que a ampliação em 210 mil anos nos registros dos gases – que cobrem dois ciclos glaciais completos – deve melhorar o entendimento das mudanças climáticas e da natureza do atual período aquecido vivido pelo planeta. Também apontam que os dados são importantes para tentar descobrir quando o homem começou a alterar significativamente o balanço dos gases estufa na atmosfera.

Os pesquisadores ressaltam outro dado encontrado pelas análises. A atual concentração de dióxido de carbono na atmosfera, de 380 partes por milhão por volume, é 27% maior do que qualquer outra registrada nos últimos 650 mil anos.

"Nós adicionamos outro pedaço de informação que mostra que as escalas de tempo em que os humanos têm mudado a composição da atmosfera são extremamente curtas quando comparadas com os ciclos de tempo naturais do sistema climático", disse Thomas Stocker, do Instituto de Física da Universidade de Berna, na Suíça, e principal autor dos dois estudos.

Os artigos Stable carbon cycle-climate relationship during the late pleistocene e Atmospheric methane and nitrous oxide of the late pleistocene from antarctic ice cores podem ser lidos no site da Science, em www.sciencemag.org.


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