Nadia Rosenthal, coordenadora do Programa de Camundongos do EMBL
(foto: divulgação)

Regeneração de volta
06 de fevereiro de 2004

Em estudos com camundongos, cientistas do Laboratório Europeu de Biologia Molecular e da Universidade de Roma descobrem modo de restaurar capacidades regenerativas de tecidos a partir da utilização de células-tronco

Regeneração de volta

Em estudos com camundongos, cientistas do Laboratório Europeu de Biologia Molecular e da Universidade de Roma descobrem modo de restaurar capacidades regenerativas de tecidos a partir da utilização de células-tronco

06 de fevereiro de 2004

Nadia Rosenthal, coordenadora do Programa de Camundongos do EMBL
(foto: divulgação)

 

Agência FAPESP - Cientistas do Laboratório Europeu de Biologia Molecular (EMBL) e da Universidade de Roma "La Sapienza" acabam de descobrir um modo de restaurar determinadas capacidades regenerativas de tecidos, que ocorrem naturalmente em animais em estágio embrionário de desenvolvimento, mas que são perdidas após o nascimento.

O trabalho dos pesquisadores europeus, publicado na edição atual do periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), traz uma contribuição importante para entender de que forma as células-tronco podem ser utilizadas e como podem assumir determinadas funções num tecido.

"Muitos laboratórios já descreveram a integração de células-tronco em vários tipos de tecidos, mas sempre em escalas reduzidas", disse a norte-americana Nadia Rosenthal, coordenadora do Programa de Camundongos do EMBL, em Monterotondo, na Itália, em comunicado do EMBL. "Mas este é o primeiro estudo a mostrar que as células-tronco podem ser utilizadas para atingir a regeneração em grande escala de um tecido danificado."

O trabalho foi desenvolvido em colaboração com a equipe do italiano Antonio Musarò, professor de histologia e embriologia da Universidade de Roma. Ao investigar tecidos musculares em camundongos, os cientistas descobriram que as células-tronco percorrem grandes distâncias até alcançar uma determinada área lesionada. Verificaram também que uma forma específica de uma proteína chamada mIGF-1 induz os músculos a enviar os sinais que alertam as células-tronco.

"Essa forma de IGF-1 é produzida nas células de embriões, mas a produção se encerra logo após o nascimento", disse Nadia Rosenthal. "Ela também é produzida em eventos rápidos quando os músculos estão lesionados, o que nos levou a pensar que poderiam ter um papel na regeneração."

Os pesquisadores criaram, então, uma ninhada de camundongos, cujas células musculares continuaram a produzir a mIGF-1 na vida adulta. Para estudar a atividade de células-tronco nos locais lesionados e rastrear as células até a sua origem, criaram uma segunda ninhada, cuja medula óssea produzia células-tronco identificadas com um marcador fluorescente.

"A mIGF-1 atua como se fosse um megafone. Se há uma lesão, os músculos que expressam a proteína enviam um sinal muito forte, ao que as células-tronco respondem imediatamente", disse Musarò. "Depois do nascimento, a maioria dos animais perde esse sinal, o que pode ser uma das principais razões porque nossos tecidos não se regeneram mais com tanta rapidez, à medida que envelhecemos."

A pesquisa levou a um alto nível de regeneração muscular, o que não ocorre em camundongos comuns que pararam de produzir a IGF-1. Segundo os cientistas europeus, o método pode ser empregado para aumentar a regeneração em camundongos mais velhos ou em animais com alguma forma de distrofia.

O estudo também lança uma nova luz para compreender como as células-tronco perdem sua qualidade genérica e se tornam especializadas. Alguns cientistas acreditam que, após alcançar o tecido, as células-tronco simplesmente se unem com as células existentes e adquirem algumas de suas características.

O trabalho dos pesquisadores europeus, porém, lança uma nova hipótese. "As células que observamos passaram por todas as etapas típicas de especialização antes de se tornarem totalmente integradas ao novo tecido", disse Nadia Rosenthal.

Mais informações sobre a pesquisa: www.embl-monterotondo.it


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