Últimos neandertais que viveram na Europa podem ter habitado a região de Gibraltar

Refúgio ibérico
14 de setembro de 2006

Presença dos neandertais no oeste europeu pode ter sido muito mais recente. Indícios de 28 mil anos em Gibraltar podem indicar também ter havido uma maior coexistência do grupo com os homens modernos

Refúgio ibérico

Presença dos neandertais no oeste europeu pode ter sido muito mais recente. Indícios de 28 mil anos em Gibraltar podem indicar também ter havido uma maior coexistência do grupo com os homens modernos

14 de setembro de 2006

Últimos neandertais que viveram na Europa podem ter habitado a região de Gibraltar

 

Agência FAPESP - Os homens modernos e os neandertais tiveram bastante tempo hábil para contatos? Essa tradicional questão está de volta por causa de um artigo publicado no site da revista Nature nesta quinta-feira (14/9), assinado por Clive Finlayson, pesquisador do Museu de Gibraltar, e dezenas de colaboradores.

Os pesquisadores voltaram a estudar o sítio arqueológico da caverna Gorham, em Gibraltar, onde desde os anos 1940 vários vestígios da cultura neandertal – e alguns crânios – foram identificados. Mais uma vez uma série de artefatos de pedra da tecnologia musteriense (associada ao modo de vida dos neandertais) foi encontrada.

A datação de todo o material mostrou resultados que poderão ajudar na resposta tão procurada por paleoantropólogos. Pela análise, os hominídeos que utilizaram tais ferramentas ocuparam aquela região há 28 mil anos. A confirmação desse período significa que os neandertais que viveram na região foram os últimos em toda a Europa.

A tese mais aceita atualmente é a que os neandertais desapareceram por completo na Europa depois da chegada do homem moderno. Esse período de contato teria sido bem curto, não superior a 2 mil anos. A competição por espaço e comida teria causado rapidamente a extinção dos antigos habitantes do continente.

Os achados de Gibraltar poderão mudar essa tese. Se as conclusões estiverem corretas, a Península Ibérica pode ter sido o derradeiro refúgio para os neandertais. Pelo menos naquela região do continente europeu eles teriam conseguido sobreviver por mais tempo e coexistido com os homens modernos por no mínimo o dobro de tempo que se acreditava até agora.

Apesar de considerar o estudo realmente consistente, Eric Delson, do Lehman College, de Nova York, e Katerina Harvat, do Instituto Max-Planck, da Alemanha, que comentaram o trabalho na própria Nature, fizeram várias ressalvas técnicas ao estudo.

Uma delas é que, ainda que seja sempre corretamente associada à presença dos neandertais, a existência de artefatos musterienses na caverna Gorham não indicaria, com 100% de certeza, que ali realmente viveram membros do grupo dos neandertais.

Mas Delson e Katerina concordam que os indícios apresentados pelo estudo são bastante consistentes. No mais, apenas o tempo dirá se os últimos neandertais que viveram no continente europeu realmente tinham o estreito de Gibraltar em sua linha do horizonte.

O artigo Late survival of Neanderthals at the southernmost extreme of Europe pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.


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