Foto: Proantar

Redes antárticas
16 de outubro de 2003

Cientistas brasileiros se preparam para 22ª campanha do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), que vai ter início em novembro. As investigações ambientais acontecem no continente gelado e, no Brasil, é discutida a organização política dos grupos de pesquisa

Redes antárticas

Cientistas brasileiros se preparam para 22ª campanha do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), que vai ter início em novembro. As investigações ambientais acontecem no continente gelado e, no Brasil, é discutida a organização política dos grupos de pesquisa

16 de outubro de 2003

Foto: Proantar

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Duas redes. Uma que estuda as mudanças ambientais na Antártica e o impacto que elas têm em nível global. Um segundo grupo de laboratórios de pesquisa irá se debruçar sobre as mesmas mudanças, mas estará direcionado para as conseqüências locais que os fenômenos apresentam.

Há um ano, aproximadamente, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela primeira vez na história do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), resolveu induzir a pesquisa no continente gelado. A agência de fomento federal propôs a criação das duas redes de pesquisa e os diversos grupos que estudam o ecossistema antártico apresentaram projetos científicos que foram enquadrados nas categorias local ou global.

"A minha opinião, absolutamente pessoal, é que, dentro desse contexto, seria interessante achar espaço para grupos que não estão encaixados em nenhuma das duas redes", disse à Agência FAPESP o cientista Antônio Carlos Rocha Campos. O também professor do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP) é coordenador do grupo de assessoramento do Proantar e coordenador-científico do Centro de Pesquisas Antárticas da USP.

Segundo Rocha Campos, grupos que estudam a fisiologia dos animais antárticos ou classificações taxonômicas, por exemplo, da fauna e da flora, estão um pouco desconfortáveis nessa nova estrutura de pesquisa montada pelo CNPq. "Até alguns grupos da geologia também não estão muito integrados às redes", disse o cientista, que coordenou o XI Seminário sobre Pesquisa Antártica, a ser encerrado nesta sexta (17/10), no Instituto de Geociências da USP. Conforme o programa do evento, as discussões sobre a política científica para a Antártica vão dominar o encerramento do evento.

Baseado em experiências de outros países, Rocha Campos defende um espaço, e também recursos, para pesquisas que não estejam no espírito científico das redes antárticas criadas pelo CNPq. "Temos que reservar alguma porcentagem para as idéias geniais, novas teorias ou metodologias que poderão surgir", avaliou o geólogo da USP.

Sempre com certas dificuldades financeiras, o Proantar parte para o seu 22º ano de vida, sem interrupções. "Claro que o nosso programa é modesto em relação a outros países presentes na Antártica há 50 anos. Mas o fato de ele se manter simplesmente por todo esse tempo já é importante", disse o pesquisador.

Os resultados preliminares obtidos pela chamada Rede 2, que estuda os impactos locais das mudanças ambientais da Antártica, permite que se faça uma afirmação. "A análise feita no esgoto da base brasileira mostrou que o impacto na região é bastante reduzido", afirmou Rocha Campos. Como o Brasil respeita os tratados internacionais firmados para o continente antártico, o país, assim como outros presentes nos arredores do Pólo Sul, trata todo os seus resíduos antes de lançá-los ao mar.


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