O telescópio imageador de raios-X e gama (foto: Inpe

Radiografia do centro da galáxia
08 de dezembro de 2003

Pesquisadores do Inpe aguardam condições meteorológicas ideais para lançar um balão atmosférico para estudo do céu na faixa de raios X. O objetivo do vôo é apontar um telescópio (foto) para o centro da galáxia de modo a estudar detalhadamente as fontes de radiação

Radiografia do centro da galáxia

Pesquisadores do Inpe aguardam condições meteorológicas ideais para lançar um balão atmosférico para estudo do céu na faixa de raios X. O objetivo do vôo é apontar um telescópio (foto) para o centro da galáxia de modo a estudar detalhadamente as fontes de radiação

08 de dezembro de 2003

O telescópio imageador de raios-X e gama (foto: Inpe

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Um balão equipado com um detector de imagem está prestes a ser lançado da cidade de Nova Ponte, em Minas Gerais, por pesquisadores da Divisão de Astrofísica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O experimento, realizado pelo grupo de astronomia de raios X e gama do órgão, pretende enfocar, no primeiro momento, o centro da galáxia.

O detector montado no balão é capaz de registrar a posição de incidência dos raios X, um fóton de luz com energia elevada, comprimento de onda pequeno e alta capacidade de penetração na matéria. Quando essa energia é captada pelo detector, forma-se uma nuvem de luz azul por causa da presença do iodeto de sódio na reação. Um dispositivo óptico presente no aparelho transforma a luz captada em sinais elétricos.

As imagens do centro da galáxia, onde grandes explosões cósmicas costumam ocorrer, são obtidas por meio de uma placa de chumbo, colocada a três metros de distância do detector de iodeto de sódio. A estrutura que registra as imagens tem um conjunto de aberturas que projetam sombras das fontes de raio X e gama codificadas pelo detector. Os raios X são emitidos por estrelas de nêutrons e buracos negros, entre outros objetos celestes.

"Por intermédio da análise dessa sombra e do conhecimento dos padrões de abertura estudados matematicamente, conseguimos reconstruir a imagem e identificar a direção de incidência e a intensidade dos raios X", disse João Braga, um dos responsáveis pelo projeto, à Agência FAPESP. "Essa é uma maneira de fazer imagens completamente diferente do método convencional."

O detector, que ficará acoplado ao balão para estudar a energia cósmica, pesa duas toneladas e foi totalmente desenvolvido no Brasil, pela divisão de Astrofísica do Inpe. "O objetivo do primeiro vôo é apontar o telescópio para a direção do centro de nossa galáxia de modo a estudar detalhadamente as fontes de radiação X e gama", disse Braga. Para captar as informações, é preciso que o balão estratosférico consiga subir a pelo menos 40 quilômetros de altitude. Os raios X, assim como os infravermelhos, não atravessam a atmosfera.

"Estamos tentando lançar o balão desde o começo de novembro, mas as condições meteorológicas têm impedido a missão", disse Braga. "Precisamos de vento superficial quase zero e de céu aberto. O balão não pode passar por nuvens porque ele poderá congelar e se partir."

A idéia inicial é que o balão voe por pelo menos 12 horas para captar as radiações. A equipe do Inpe vai manter contato com o equipamento por um sistema de telemetria em que as informações são captadas por ondas de rádio. Existe também um sistema de comando remoto, que é usado para acionar alguns dispositivos no balão.


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