O antropólogo Otávio Velho comentou, em Olinda, a pesquisa da Associação Brasileira de Antropologia (foto: E.Geraque)

Radiografia da antropologia brasileira
18 de junho de 2004

Como evoluiu a pós-graduação em antropologia no país entre 1996 e 2001 e para onde foram os mestres e doutores? Essas duas perguntas foram respondidas por uma ampla pesquisa feita pela associação do setor e comentada por especialistas como Otávio Velho (foto)

Radiografia da antropologia brasileira

Como evoluiu a pós-graduação em antropologia no país entre 1996 e 2001 e para onde foram os mestres e doutores? Essas duas perguntas foram respondidas por uma ampla pesquisa feita pela associação do setor e comentada por especialistas como Otávio Velho (foto)

18 de junho de 2004

O antropólogo Otávio Velho comentou, em Olinda, a pesquisa da Associação Brasileira de Antropologia (foto: E.Geraque)

 

Por Eduardo Geraque, de Olinda

Agência FAPESP - Uma radiografia ampla e consistente da antropologia no país é o principal resultado de uma pesquisa conduzida pela Associação Brasileira de Antropologia (ABA). Os dados foram apresentados em Olinda, durante a reunião anual da entidade que terminou na terça-feira (15/6).

O trabalho, publicado no livro O Campo da Antropologia do Brasil, que tem os professores da Universidade de Brasília Wilson Trajano Filho e Gustavo Lins Ribeiro como organizadores, mostra um perfil bastante amplo e consistente da pós-graduação no setor.

Enquanto os dados sobre os programas de pós-graduação e financiamentos para as pesquisas cobriram o período de 1996 a 2001, as informações sobre os egressos dos programas foram mapeadas por um período um pouco maior, de 1992 a 2001. Segundo os autores, essa diferença se deve ao fato de um novo sistema de avaliação dos cursos de pós ter sido implementado em 1996.

De 1992 a 2001 foram outorgados 688 títulos de mestre e 199 de doutor. Os responsáveis pela pesquisa conseguiram contactar pessoalmente 58% dos mestres e 70% dos doutores. As dezenas de tabelas geradas após o cruzamento dos dados revelou informações importantes sobre os alunos que saíram da pós-graduação.

Entre os com título de doutor, 91% afirmaram estar em plena atividade e apenas 1,5% procuravam trabalho. A grande maioria, 74,8%, estava, em 2001, no setor público. A proporção entre os mestres era ligeiramente diferente. Em plena atividade estavam 70,7% e empregados no setor público 50,7%.

Outras tendências importantes, como a internacionalização da antropologia brasileira e o crescimento de grupos de pesquisa em regiões como o Nordeste e a Amazônia também foram detectadas pelo estudo. Segundo Wilson Trajano Filho, o projeto, simples e direto, conseguiu dar uma contribuição importante para o cenário da antropologia, apesar de a questão ainda estar longe de ser esgotada.

"Essa importante pesquisa nos revela que a antropologia brasileira mudou bastante nas duas últimas décadas", disse o antropólogo Otávio Velho, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. "Uma das grandes mudanças é que está se fazendo muito mais pesquisa fora dos centros tradicionais de pós-graduação e também fora do ensino público. Os estudos estão hoje em organizações não governamentais e nas universidades privadas."


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.