Radiação alternativa
29 de agosto de 2005

Leucócitos retirados do próprio paciente, marcados com tecnécio, ajudam a detectar focos inflamatórios no intestino e nos ossos, segundo pesquisa apresentada por Valbert Cardoso, da UFMG, na reunião da Fesbe

Radiação alternativa

Leucócitos retirados do próprio paciente, marcados com tecnécio, ajudam a detectar focos inflamatórios no intestino e nos ossos, segundo pesquisa apresentada por Valbert Cardoso, da UFMG, na reunião da Fesbe

29 de agosto de 2005

 

Por Eduardo Geraque, de Águas de Lindóia

Agência FAPESP - Mais conforto ao paciente que precisa fazer um exame como a colonoscopia, técnica invasiva de verificar se existe algum problema inflamatório em regiões como o instestino. Com base nessa premissa é que Valbert Cardoso, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apresentou uma nova técnica de medicina nuclear durante a 20a Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe), realizada na semana passada em Águas de Lindóia (SP).

"Não somos contras as técnicas tradicionais e nem pregamos a substituição de nada. É apenas mais um caminho, menos invasivo e que se mostrou eficiente para a detecção de doenças inflamatórias no intestino e também em ossos", disse Cardoso em sua palestra. O pesquisador participou da sessão temática Novas tendências em radiofarmácia, na sexta-feira (26/8).

Segundo Cardoso, a partir de leucócitos retirados do próprio paciente, marcados com o elemento radioativo tecnécio-99m, é possível, por meio de uma cintilografia, identificar a presença ou ausência de um foco inflamatório no intestino. "Por esse método, podemos enxergar alterações moleculares e fisiopatológicas. Além disso, esse tipo de exame é mais sensível às fases iniciais da inflamação que os demais", explicou.

Além de o tecnécio ter uma meia vida baixa, o que significa que a radiação permanece por pouco tempo no corpo do paciente, as imagens feitas após a injeção do elemento químico na corrente sangüínea de um grupo de 50 pessoas mostraram resultados importantes. "A sensibilidade [porcentagem de a doença ser detectada] ficou em 95,6%, enquanto a especificidade [indicar a doença quando ela não estava presente] foi de 100%", disse Cardoso.

A técnica que usa leucócitos marcados com tecnécio-99m também pode ser usada, segundo o pesquisador da UFMG, para acompanhar a eficácia de tratamentos. Os resultados até agora foram considerados tão bons pelo grupo que novos passos já estão sendo dados em Belo Horizonte.

"Estamos desenvolvendo um antibiótico radiomarcado para atacar inflamações causadas por bactérias", disse Cardoso. O mesmo método com leucócitos já foi utilizado com sucesso para a detecção de problemas envolvendo próteses e os ossos humanos. "As vantagens da técnica são enormes", afirma.


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