Para o médico Ciro de Quadros, diretor do Instituto de Vacinas Albert Sabin, em Washington, este será o século das vacinas (foto: W.Castilhos)
Para o médico Ciro de Quadros, diretor do Instituto de Vacinas Albert Sabin, em Washington, este será o século das vacinas. "Diversas doenças no mundo, hoje tratadas apenas com remédios, serão erradicadas", afirma
Para o médico Ciro de Quadros, diretor do Instituto de Vacinas Albert Sabin, em Washington, este será o século das vacinas. "Diversas doenças no mundo, hoje tratadas apenas com remédios, serão erradicadas", afirma
Para o médico Ciro de Quadros, diretor do Instituto de Vacinas Albert Sabin, em Washington, este será o século das vacinas (foto: W.Castilhos)
Agência FAPESP - Para Ciro de Quadros, diretor do Instituto de Vacinas Albert Sabin, em Washington, nos Estados Unidos, este será o século das vacinas. "Diversas doenças no mundo, hoje tratadas apenas com remédios, serão erradicadas", diz.
O médico gaúcho participa, no Rio de Janeiro, do 1º Simpósio Internacional de Imunobiológicos e Saúde Humana, que comemora os 30 anos de Bio-manguinhos, a unidade produtora de imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Radicado há 30 anos nos Estados Unidos, Quadros é reconhecido internacionalmente pelo trabalho desenvolvido na década de 1970, quando chefiou o Programa de Erradicação da Varíola na Etiópia e iniciou o Programa Ampliado de Imunização nas Américas, da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
O médico, que participa de inúmeros comitês que distribuem recursos e incentivam o uso de vacinas, especialmente em países pobres, afirma estar preocupado com os recentes casos de pólio que surgiram na África. "O problema maior está na Nigéria. Um governador de um estado nigeriano decidiu, por questões religiosas, cancelar o programa de vacinação contra a doença, o que fez com que ela se espalhasse para outros países africanos", disse à Agência FAPESP.
O fato, segundo ele, é preocupante, uma vez que um dos maiores desafios atuais é eliminar doenças como poliomielite, sarampo, rubéola e malária. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu que a meta para erradicar a poliomielite seria 2005, o que não ocorreu. "O programa global de erradicação sofreu falta de recursos. Além disso, outro agravante é o fato de a doença estar atingindo países altamente populosos, como a Índia e o Paquistão", alertou o especialista em saúde pública.
Motivações religiosas podem representar um grande entrave à saúde pública, assim como visões conservadoras e moralistas, como o aumento da infecção pelo papilomavírus humano (HPV) entre jovens norte-americanos. "Nos Estados Unidos, entre 60% e 70% dos alunos de universidades estão infectados pelo HPV", conta. Quadros concorda que o fato pode estar relacionado, em parte, à política conservadora do governo do país de prevenção às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e à Aids, centrada na política da abstinência, fidelidade e uso de preservativo.
Uma vacina contra o câncer do colo do útero, causado pelo HPV (estima-se que 99% das mulheres com câncer do colo uterino foram antes infectadas por esse vírus), deve entrar em uso em julho, nos Estados Unidos. "Só que ela não substitui o uso do preservativo. A vacina é mais um complemento", afirma o médico, favorável a abordagem do programa do governo brasileiro de prevenção às DSTs e Aids com enfoque na utilização do preservativo.
Quadros acredita que, no médio prazo, vacinas contra o HIV e a malária e um novo imunizante contra a tuberculose deverão ser desenvolvidos. "Acho que primeiro virá a da tuberculose, depois a da malária e por fim a do HIV. Não posso especificar em quantos anos. Quando cheguei a Washington, falava-se que uma vacina contra a malária estaria pronta em dez anos e lá se vão 30 anos. Além disso, na época ainda nem existia o HIV", observou.
Mais informações sobre o Simpósio Internacional de Imunobiológicos e Saúde Humana: www.bio.fiocruz.br/simposio.
A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.