Fragmentos de relíquias históricas do Instituto Arqueológico Brasileiro (foto: divulgação)

Quebra-cabeças arqueológico
20 de novembro de 2003

Software desenvolvido no Instituto de Computação da Unicamp é capaz de identificar, por meio de fotografias digitalizadas, fragmentos de peças arqueológicas, ajudando em sua recomposição

Quebra-cabeças arqueológico

Software desenvolvido no Instituto de Computação da Unicamp é capaz de identificar, por meio de fotografias digitalizadas, fragmentos de peças arqueológicas, ajudando em sua recomposição

20 de novembro de 2003

Fragmentos de relíquias históricas do Instituto Arqueológico Brasileiro (foto: divulgação)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - A arqueologia ganhou uma nova ferramenta para ajudar a remontar relíquias históricas. Trata-se de um software desenvolvido no Instituto de Computação (IC), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), capaz de identificar com precisão fragmentos de cerâmicas e outras peças encontradas em sítios arqueológicos, de modo que o material coletado possa ser reunido e formar novamente um item completo.

"A cerâmica é um dos indicadores mais importantes que os arqueólogos têm para rastrear migrações de povos na época pré-histórica", disse Jorge Stolfi, professor do IC, em entrevista à Agência FAPESP. Foi Stolfi quem sugeriu o desenvolvimento do software como tese de doutorado para Helena Cristina da Gama Leitão, então sua aluna na pós-graduação e que hoje leciona na Universidade Federal Fluminense.

"A reconstrução dos fragmentos é importante não só para descobrir o formato dos objetos antigos, mas também para classificar as peças e compará-las com achados de outros sítios arqueológicos", disse o professor do IC.

Os fragmentos são colocados sobre um scanner para gerar imagens digitalizadas, sendo que o contorno de cada peça é delineado para que elas possam se encaixar umas com as outras. O software, então, analisa os fragmentos até encontrar o casamento real entre dois pedaços. "Nossa intenção é disponibilizar essa ferramenta aos arqueólogos para que eles reconstruam virtualmente o que for possível como parte da documentação dos sítios", disse Stolfi.

Após ser utilizada com sucesso em superfícies planas, o novo desafio agora de Stolfi e de Helena, que continua a colaborar no desenvolvimento do sistema, é fazer com que o software seja empregado para montar imagens em três dimensões. Em estudos recentes, os pedaços foram fotografados em posições e ângulos diferentes para que o programa pudesse achar os encaixes correspondentes e o objeto ser reconstituído.

"Foram fotografados vários fragmentos de relíquias históricas pertencentes ao Instituto Arqueológico Brasileiro, para serem aplicadas fórmulas tridimensionais às peças", disse Jorge Stolfi. "A idéia é que, nos próximos meses, tenhamos um conjunto de softwares que possam ser utilizado para fazer diferentes montagens em 3D."

De acordo com o cientista, além da possibilidade de ser montada virtualmente, a peça também pode ser reconstituída manualmente, já que cada fragmento pode ser numerado para que a montagem seja facilitada. A ferramenta reduz em muito o tempo que seria gasto caso o trabalho fosse feito na base da tentativa e erro.

"O arqueólogo pode, por exemplo, codificar manualmente diferentes fragmentos por meio de números e colocá-los num banco de dados para fazer estudos comparativos com os objetos disponíveis", disse Stolfi.


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