O acesso a educação, segundo os participantes do DNA Brasil, é um dos indicadores que precisa melhorar

Quanto falta para o Brasil ser uma Espanha
21 de setembro de 2004

O índice IDNA-Brasil, montado pelo Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da Unicamp, e aferido no fim de semana em evento em Campos do Jordão (SP), é emblemático: os indicadores sociais, políticos, ambientais e econômicos do país precisam progredir mais de 50% para se chegar a um desenvolvimento perto do ideal

Quanto falta para o Brasil ser uma Espanha

O índice IDNA-Brasil, montado pelo Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da Unicamp, e aferido no fim de semana em evento em Campos do Jordão (SP), é emblemático: os indicadores sociais, políticos, ambientais e econômicos do país precisam progredir mais de 50% para se chegar a um desenvolvimento perto do ideal

21 de setembro de 2004

O acesso a educação, segundo os participantes do DNA Brasil, é um dos indicadores que precisa melhorar

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Avaliar as diversas dimensões do desenvolvimento como forma de ter uma visão ampla do processo. Foi a partir desse desafio que os pesquisadores do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (NEPP), da Universidade Estadual de Campinas, resolveram desenvolver uma metodologia e um índice para medir quanto o Brasil ainda precisa melhorar, nos mais diversos campos, para que seus indicadores se aproximem, por exemplo, dos registrados na Espanha.

Em uma coincidência de interesses, as pesquisas que estavam em desenvolvimento no NEPP se cruzaram com os interesses da Fundação Semco, do empresário Ricardo Semler. O resultado é o Instituto DNA Brasil, surgido no último fim de semana, em Campos do Jordão (SP), em evento que reuniu 50 nomes de destaque do Brasil para que eles pudessem imaginar, em conjunto, quais os melhores caminhos a serem seguidos pelo país.

"Levamos o índice para Campos de Jordão e fizemos uma espécie de exercício", disse Geraldo di Giovanni, um dos pesquisadores do NEPP responsáveis pelo desenvolvimento da metodologia, à Agência FAPESP. No exemplo imaginado, os pesquisadores usaram dados do Brasil e da Espanha de 1991 e de 2001.

Cada um dos participantes do evento, intitulado "50 Brasileiros Param para Pensar a Vocação do País", teve que dar sua opinião. A partir de uma lista de 27 indicadores, fornecida pelo Nepp, foram apontados quais deveriam ser os valores ideais para que, em um prazo de 25 anos, o Brasil pudesse atingir as condições gerais da Espanha. Em linhas gerais, esses itens contemplavam sete dimensões: bem estar econômico, saúde, educação, ambiente, infra-estrutura, proteção social básica e coesão social.

"Escolhemos a Espanha para esse exercício por ser um país que, há 25 anos, estava saindo de uma ditadura, com indicadores gerais bem ruins, mas hoje a realidade lá é outra", explica Giovanni. Em termos geométricos, a metodologia – o índice foi nomeado de IDNA-Brasil – gerou um polígono com 24 vértices que representam cada um dos indicadores selecionados pelos participantes do encontro em Campos de Jordão.

"Podemos explicar isso da seguinte forma: existe uma figura formada pelos dados brasileiros e outra maior pelas informações da Espanha. Com a opinião dos participantes do encontro se desenhou uma figura que representaria o Brasil ideal que, diga-se de passagem, ficou bem próxima do desenho feito com os dados espanhóis", conta Giovanni, que também é assessor da presidência da FAPESP.

Em termos numéricos, a diferença entre o Brasil atual e o ideal é de 53,2%. A diferença é o quanto os indicadores sociais, políticos, ambientais e econômicos, de uma forma geral, precisam evoluir para que se tenha um padrão de vida pelo menos semelhante ao que se tem hoje na Espanha.

"A montagem do índice foi feita de forma muito competente. O número de 46,8% corresponde, pelo menos, ao que acredito ser o nosso estágio atual e também indica qual é a diferença entre a nossa realidade e as perspectivas imaginadas pelo grupo DNA Brasil para daqui a 25 anos", disse Silvio Meira, cientista-chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), à Agência FAPESP. O pesquisador foi um dos intelectuais que esteve no evento no interior de São Paulo.


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