Moacyr Scliar, membro da Academia Brasileira de Letras e professor da Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre, dá exemplos de obras clássicas que podem ser usados em uma abordagem científica
Moacyr Scliar, membro da Academia Brasileira de Letras e professor da Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre, dá exemplos de obras clássicas que podem ser usados em uma abordagem científica
Agência FAPESP - "É preciso eliminar as barreiras entre ciência e arte e entre saúde e literatura. Como médicos e cientistas, podemos aprender tanto nos livros de ficção quanto nos manuais de medicina", disse o escritor gaúcho Moacyr Scliar, em conferência no Simpósio Ciência e Arte 2006, realizado na semana passada no Rio de Janeiro.
Membro da Academia Brasileira de Letras, Scliar é também médico, graduado em 1962 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com especialização em saúde pública, além de professor visitante nas universidades Brown e do Texas, nos Estados Unidos.
"A despeito dos avanços da neurociência, ainda não conseguimos descobrir a origem da criatividade. Porém, sabe-se que o processo criativo se dá da mesma maneira, tanto na arte quanto na ciência", disse o também professor da Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre.
Scliar citou alguns exemplos literários que podem ser usados em uma abordagem científica, como A morte de Ivan Ilitch, do russo Liev Tolstoi (1828-1910), que conta a história de um homem à beira da morte e sua relação com médicos. Na literatura brasileira, ele cita O alienista, de Machado de Assis, que considera "o melhor romance escrito sobre o poder médico".
Outra obra que pode exemplificar, segundo ele, a estreita relação entre literatura e saúde, é A montanha mágica (1924), romance do alemão Thomas Mann que se passa em um sanatório de tuberculosos. "O livro tem a ver diretamente com a prática médica", observou Scliar.
O francês Moliére é, para Scliar, outra referência. "A peça O doente imaginário satiriza a medicina no século 17, a qual o autor conhecia bem, pois sofria de tuberculose", disse.
Scliar é autor de mais de 30 livros, entre os quais A guerra do bom fim (1972), O centauro no jardim (1980), A orelha de Van Gogh (1988) e A mulher que escreveu a Bíblia (1999).
Tem também diversas obras em que estão destacadas suas experiências com a medicina, de Histórias de um médico em formação (1962), seu primeiro, ao recente O olhar médico: crônicas de medicina e saúde (2005). É autor de Oswaldo Cruz: entre micróbios e barricadas, biografia do cientista e sanitarista.
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