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Quando ler a bula não é o melhor remédio
10 de dezembro de 2003

Pesquisa constata que muitas bulas não seguem os padrões exigidos pela Secretaria de Vigilância Sanitária. Letras miúdas e informações discrepantes entre marcas podem levar o paciente a erros na hora de tomar remédios

Quando ler a bula não é o melhor remédio

Pesquisa constata que muitas bulas não seguem os padrões exigidos pela Secretaria de Vigilância Sanitária. Letras miúdas e informações discrepantes entre marcas podem levar o paciente a erros na hora de tomar remédios

10 de dezembro de 2003

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Por Kárin Fusaro

Agência FAPESP - Seguir a bula de um remédio nem sempre é garantia de que a substância ativa vá atuar adequadamente. Em alguns casos, as instruções trazem informações discrepantes quanto à posologia e administração, entre outros problemas.

A constatação é de uma pesquisa feita pela otorrinolaringologista Aracy Balbani, da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (Unesp), com a colaboração de Jair Montovani, também da Unesp, e da otorrinolaringologista Mônica Menon, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

O trabalho, publicado na Revista Brasileira de Alergia e Imunopatologia, pretendeu verificar o cumprimento das determinações estabelecidas pela Portaria nº 110/97 da Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS) em bulas de descongestionantes e vasoconstritores nasais.

"Um levantamento anterior mostrou que 7% das intoxicações por descongestionantes e anti-histamínicos ocorridos na cidade de São Paulo entre 1996 e 1998 foram causadas por erros na administração desses medicamentos", disse Aracy à Agência FAPESP. De acordo com a pesquisadora, a causa mais comum foi a confusão com os nomes das drogas, bulas e embalagens.

A partir desses dados, em 2002 os pesquisadores compraram em farmácias cinco vasoconstritores nasais, dez descongestionantes sistêmicos e dez anti-histamínicos. Das 25 marcas comerciais usadas para o tratamento de rinite, quatro eram de venda livre, enquanto as demais eram vendidas apenas sob prescrição médica.

A análise das bulas tomou cerca de três meses e levou em consideração quatro parâmetros: padrão tipográfico (tamanho e cor das letras); adequação à Portaria nº 110/97 (itens necessários na "informação ao paciente" e "informação técnica"); emprego de abreviaturas e termos técnicos na "informação ao paciente"; e teor da "informação ao paciente".

Do total pesquisado, os pesquisadores constataram que 72% das bulas eram impressas em letras menores que a fonte Arial corpo oito e 16% na cor azul, o que dificultava a leitura das informações. Em relação ao cumprimento da norma da SVS, uma das marcas não trazia a frase obrigatória "informe seu médico sobre qualquer medicamento que esteja usando, antes do início ou durante o tratamento". Na análise da "informação técnica", 60% das bulas omitiam informações sobre possíveis alterações de exames laboratoriais com o uso dos produtos, enquanto 52% não mostravam o subitem "pacientes idosos".

No que se refere ao subitem "informação ao paciente", 8% das bulas continham abreviaturas e 24% usavam termos técnicos, o que não é permitido. Em relação ao conteúdo do mesmo subitem, verificou-se que bulas de diferentes marcas e com o mesmo princípio ativo traziam informações diferentes das contidas em "informação técnica".


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