Segundo pesquisadores que participam dos consórcios para o desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Televisão Digital, o país já tem conhecimento e domínio suficiente para que a tecnologia possa chegar à população
Segundo pesquisadores que participam dos consórcios para o desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Televisão Digital, o país já tem conhecimento e domínio suficiente para que a tecnologia possa chegar à população
Agência FAPESP - Os requisitos tecnológicos que irão conduzir o Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD) estão prontos. O país conta com equipamentos de geração, de recepção e de conversão de sinal desenvolvidos por instituições nacionais e compatíveis com os padrões existentes em outros países. Esses equipamentos podem ser utilizados tanto para aplicações interativas quanto para a transmissão de imagens de alta qualidade.
Na manhã desta segunda-feira (5/12) foi realizada uma demonstração de como deverá funcionar o SBTVD. O evento, na sede da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em São Paulo, reuniu representantes de alguns dos 22 consórcios formados por 106 universidades, centros de pesquisa, indústrias e emissoras, responsáveis pela definição de um modelo digital para a televisão aberta. O Ministério das Comunicações informa já ter investido R$ 50 milhões no projeto.
Com a convergência dos conceitos de computação, imagens digitais e internet, a primeira etapa do programa de desenvolvimento tecnológico para a definição do sistema foi dada como encerrada. "Temos pronto o conceito. Os protótipos de equipamentos foram desenvolvidos e estão sendo testados com sucesso", disse Luís Fernando Soares, professor do Departamento de Informática da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), à Agência FAPESP.
O grupo gestor do SBTVD está finalizando um documento com recomendações sobre o padrão ideal para o país, que deverá ser entregue ao Ministério da Comunicações até 10 de dezembro. "Não estamos inventando um novo sistema de televisão digital. Estamos apenas definindo um sistema adequado às características geográficas e econômicas do Brasil, com base nos padrões existentes em outros países", explica Soares.
A próxima fase do programa estará voltada para a produção industrial e comercialização de equipamentos. A previsão dos proponentes do SBTVD é que, pelo tamanho da população brasileira, não faltarão empresas interessadas em fabricar aparelhos que permitirão o acesso aos serviços da televisão digital.
"Estamos falando em um mercado de 100 milhões de televisores espalhados por todo o país. Por isso, independentemente da definição do sistema nacional, boa parte da indústria mundial se voltará para o mercado brasileiro", explicou Marcelo Knorich Zuffo, pesquisador da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP). "Temos o conhecimento suficiente e o domínio das tecnologias necessárias para o início da TV digital no país."
Os principais padrões de televisão digital existentes atualmente são o europeu (DVB), o japonês (ISDB) e o norte-americano (ATSC). Segundo especialistas, por causa de particularidades locais, o Brasil não poderia adotar um desses padrões sem que alguma modificação fosse feita. O DVB, por exemplo, foi implantado somente em países que adotam canalização de 7 MHz ou 8 MHz e, no Brasil, o sistema teria que funcionar em 6 MHz.
Por conta disso, o governo federal decidiu instituir, em novembro de 2003, o Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), composto por um comitê de desenvolvimento, vinculado à Presidência da República, por um comitê consultivo e por um grupo gestor. Entre os objetivos do SBTVD estão a criação e implantação de um plano gradual de transição da TV analógica para a digital, o estabelecimento de ações e modelos de negócios adequados à realidade nacional, a promoção da inclusão digital e a criação de uma rede universal de educação a distância.
Mais informações:
http://sbtvd.cpqd.com.br
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