Em Campinas (SP), especialistas nacionais e internacionais discutem como devem ser os novos museus de ciência, instalações em que "a interatividade deve tomar o lugar da passividade". Um novo centro, com tal proposta, deve ser instalado na cidade
Em Campinas (SP), especialistas nacionais e internacionais discutem como devem ser os novos museus de ciência, instalações em que "a interatividade deve tomar o lugar da passividade". Um novo centro, com tal proposta, deve ser instalado na cidade
O pré-projeto para a criação de um museu interativo partiu do pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp, Rubens Maciel Filho. A idéia é reformar o espaço ocupado atualmente pelo Museu Dinâmico de Ciências, localizado na Lagoa do Taquaral. "Escolhemos a região por ter um amplo conjunto de centros de pesquisa e de empresas privadas que trazem uma massa crítica interessante para o ambiente científico", disse.
Para Marcelo Knobel, professor do Instituto de Física da Unicamp e um dos organizadores do seminário, Campinas também permite que se aproveite as relações que poderão vir a existir entre o museu e a universidade. "O espaço dará ênfase a perspectivas multidisciplinares. As atividades de divulgação científica devem estar comprometidas com o processo de aprendizagem do visitante. A idéia é mostrar os processos de se fazer ciência, focando nas atividades de pesquisa e na figura do cientista, buscando sempre trabalhar com o cotidiano das pessoas e com as questões éticas, morais e sociais que os avanços possam representar", disse.
Na fase atual do projeto de implementação do novo centro, está sendo discutida a montagem da estrutura que permitirá a criação do museu. A intenção é manter a parceria entre a Unicamp, a Prefeitura de Campinas e a Academia de Ciências do Estado de São Paulo. O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS-CNPq), segundo Knobel, já mostrou interesse em participar.
O plano de ação para a instalação do museu prevê uma área de aproximadamente 16 mil metros quadrados. Haverá um espaço para exposições temporárias e permanentes, salas para oficinas, bibliotecas, locais para apresentações e aulas, centros de discussões, salas de reuniões e escritórios.
Segundo Maciel Filho, o próximo passo é consolidar o pré-projeto apresentado no seminário para que possam ser estabelecidos cronogramas práticos para a formatação administrativa do museu. Em seguida, será iniciada a fase de captação de recursos financeiros.
Maior interatividade
O seminário em Campinas discutiu também o atual estágio da museologia da ciência no mundo, apresentada por três consultores internacionais. Para Jorge Padilha, diretor do Centro de Ciência Explora, no México, o máximo de interatividade que se conseguia, no passado, era acionar máquinas por meio de botões. "Hoje, não é apenas ‘mãos na massa’, mas mind-on", disse. Padilha explica que experimentos interativos estimulam as habilidades mentais dos visitantes dos museus. "O processo ajuda até na resolução de problemas do dia-a-dia", disse.
Maior interatividade também é fundamental para Jorge Wagensberg, diretor do Museu de Ciências de Barcelona, Espanha. "O museu é diferente de uma universidade, onde praticamente o professor fala e o aluno escuta", disse. Para ele, dentro da proposta de uma interação mental e manual que pode existir em uma exposição científica existe espaço para tudo. "O estudante pode, por exemplo, até contestar as leis da natureza."
Segundo os especialistas, estimular os visitantes do ponto de vista mental é apenas uma das missões de um centro de ciências no século 21. Segundo Marcelo Knobel, "os museus de ciência são meios fundamentais, utilizados hoje em todo o mundo, para a divulgação da cultura científica". Para o cientista brasileiro, o ambiente criado em museus modernos é ideal para que a curiosidade científica seja sempre provocada.
Se o importante é a interatividade e a passividade de um museu já faz parte do passado, Rubens Maciel Filho cita mais um ingrediente que deve constar na filosofia de funcionamento de um centro moderno de ciência. "O ideal é fazer com que os visitantes saiam do museu com mais questões em pauta do que quando entraram. Ao buscar as respostas para as dúvidas, o público vai desenvolver um anseio pela aprendizagem", disse.
A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.