Um dos projetos aprovados propõe o uso jogos didáticos para facilitar o processo de alfabetização (foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília)

Educação
Projetos selecionados pelo programa PROEDUCA buscam melhorar o aprendizado e reduzir desigualdades
05 de julho de 2024

Segunda chamada lançada pela FAPESP em parceria com a Secretaria da Educação de São Paulo selecionou oito projetos de pesquisa em educação básica

Educação
Projetos selecionados pelo programa PROEDUCA buscam melhorar o aprendizado e reduzir desigualdades

Segunda chamada lançada pela FAPESP em parceria com a Secretaria da Educação de São Paulo selecionou oito projetos de pesquisa em educação básica

05 de julho de 2024

Um dos projetos aprovados propõe o uso jogos didáticos para facilitar o processo de alfabetização (foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília)

 

Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – No Brasil, em 2019, havia 1,4 milhão de crianças não alfabetizadas mesmo tendo idade para tal. Em 2021, com a pandemia de COVID-19, esse número saltou para 2,4 milhões. Pesquisadores do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (IB-Unesp), em Rio Claro, vão tentar reduzir esse déficit adotando uma abordagem pedagógica que envolve o uso de jogos didáticos.

"O desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita em crianças do ensino fundamental 1 se tornou um problema enorme, que vamos abordar valorizando a pedagogia, o lúdico e a infância. Trabalharemos atividades de intervenção focadas naquilo que a criança precisa, que é o brincar, a capacidade de imaginar, de estar com o outro, envolver-se e dar risada. Como os jogos são uma brincadeira [e não a realização de uma tarefa], a percepção sobre o desenvolvimento dessas habilidades que estão atrasadas muda para a criança”, explica Andreia Osti, professora do Departamento de Educação do IB-Unesp.

O projeto é um dos oito aprovados no segundo edital do programa PROEDUCA, implementado pela FAPESP em parceria com a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc). O anúncio foi feito ontem (04/07). O programa, de apoio a pesquisas em educação básica, tem o objetivo de subsidiar o aprimoramento e o desenvolvimento de políticas públicas educacionais e de abordagens pedagógicas inovadoras que visem à melhoria do aprendizado e à redução de desigualdades educacionais.

Segundo Osti, seu projeto pretende atender a dois grupos: o denominado “alfa”, formado por crianças que ainda não conseguem ler nem escrever (escrevem apenas algumas palavras); e o “grupo leitura, escrita e interpretação” (LEI), com crianças que apresentam dificuldades ortográficas e de concordância, por exemplo.

“A pandemia teve um impacto tão grande na escola que em uma mesma sala podemos ter crianças do grupo alfa ou do grupo LEI. Os jogos e a abordagem devem ser diferentes nesses dois casos. No grupo alfa usaremos jogos de memória, por exemplo, com cartões contendo imagens e palavras. Já no grupo LEI, trabalharemos com outras regularidades da gramática, a partir de jogos de quebra-texto, por exemplo – quando se oferece o primeiro parágrafo de um texto para a criança e, depois, as outras frases soltas para que ela reordene o texto”, conta Osti.

Outro projeto aprovado no edital, também conduzido por pesquisadores do IB-Unesp, vai trabalhar um assunto raramente abordado: os egressos do ensino médio. “A partir do projeto de vida, ou seja, planejamento que o aluno fez [com os professores] para atingir seus sonhos após o ensino médio, pretendemos desenvolver uma metodologia para criar um banco de dados com a obtenção das trajetórias dos alunos egressos”, conta Joyce Mary Adam, professora do Departamento de Educação e coordenadora do projeto.

Como explica Adam, trata-se de uma continuação de uma pesquisa anterior, que desenvolveu o projeto de vida com dez alunos do ensino médio. “Observamos que os alunos foram mudando significativamente o que se propunham entre o primeiro e o terceiro ano do ensino médio. Nesse novo projeto, vamos acompanhar essas pessoas, que agora são egressas. E por que isso é importante? Para nós entendermos a trajetória, quais são as redes de apoio e proteção que esses alunos podem lançar mão para dar continuidade a seu projeto de vida. Também pretendemos, por meio desse acompanhamento, entender qual é o resultado dessa modalidade de ensino médio tão falada e modificada nos últimos anos por causa de questões da educação que envolvem a dicotomia entre formação geral e formação para o trabalho”, diz.

Um terceiro projeto, conduzido por pesquisadores da Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), vai trabalhar com professores de duas escolas da capital paulista o uso de aplicativos para o ensino de matemática para alunos autistas, numa perspectiva inclusiva.

“Nos últimos anos, desenvolvemos seis aplicativos, além de atividades e outros materiais para o ensino de matemática de forma inclusiva. No entanto, ainda não os colocamos em prática na sala de aula. Então, agora, vamos ver quais serão os benefícios desses materiais e avaliar o que pode ser melhorado a partir de um trabalho colaborativo com os professores”, explica Ana Lúcia Manrique.

O PROEDUCA conta com três modalidades (Auxílio à Pesquisa Regular, Auxílio à Pesquisa Projeto Temático e Programa de Melhoria do Ensino Público) e a duração dos projetos pode variar de um a quatro anos.

Propostas selecionadas:

A Aprendizagem Serviço como estratégia para reduzir as vulnerabilidades dos adolescentes
Pesquisadora responsável: Luciana Aparecida Nogueira da Cruz
Instituição-sede: Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Unesp, em São José do Rio Preto
Modalidade: EP 1

A equidade no ensino de matemática a partir de práticas pedagógicas adequadas às necessidades dos estudantes neurodivergentes: discutindo o ensino colaborativo na Região Metropolitana de São Paulo
Pesquisadora responsável: Ana Lúcia Manrique
Instituição-sede: Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia da PUC-SP
Modalidade: APR

Acompanhamento da trajetória dos alunos pós-ensino médio: contribuição da escola, contexto de vida e da sociedade
Pesquisadora responsável: Joyce Mary Adam
Instituição-sede: Instituto de Biociências da Unesp, em Rio Claro
Modalidade: EP 2

Contribuições da pesquisa para o processo de ensino e de aprendizagens dos números racionais nos 4º e 5º anos do ensino fundamental: um projeto-piloto envolvendo Diretorias de Ensino da Rede Estadual de São Paulo
Pesquisadora responsável: Edda Curi
Instituição-sede: Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da Unicsul
Modalidade: EP 1

Escre(vivências) potentes na EJA e na socioeducação: construindo metodologias e políticas públicas para a redução da desigualdade educacional e equidade de direitos
Pesquisadora responsável: Debora Cristina Fonseca
Instituição-sede: Instituto de Biociências da Unesp, em Rio Claro
Modalidade: EP 1

Jogos didáticos para o desenvolvimento da leitura e da escrita em crianças do EF1 após a pandemia
Pesquisadora responsável: Andreia Osti
Instituição-sede: Instituto de Biociências da Unesp, em Rio Claro
Modalidade: EP 1

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030: caminhos para a estruturação de escolas em espaços educadores sustentáveis
Pesquisador responsável: Tadeu Fabricio Malheiros
Instituição-sede: Escola de Engenharia de São Carlos da USP
Modalidade: EP 1

Tecnologias 4.0 e Educação Profissional: Pesquisa-Ação no Currículo da Educação Básica e Superior
Pesquisador responsável: Jorge Muniz Junior
Instituição-sede: Faculdade de Engenharia e Ciências da Unesp, em Guaratinguetá
Modalidade: APR
 

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