A base de dados traz 5.930 referências de estudos sobre os 645 municípios paulistas (foto: Raphael Lorenzeto de Abreu/Wikimedia Commons)
Desenvolvido pelo UrbanData-Brasil, um banco de dados bibliográfico atualmente vinculado ao Centro de Estudos da Metrópole, o repositório “São Paulo em Teses: Catálogo Bibliográfico” abrange estudos conduzidos entre 1940 e 2015
Desenvolvido pelo UrbanData-Brasil, um banco de dados bibliográfico atualmente vinculado ao Centro de Estudos da Metrópole, o repositório “São Paulo em Teses: Catálogo Bibliográfico” abrange estudos conduzidos entre 1940 e 2015
A base de dados traz 5.930 referências de estudos sobre os 645 municípios paulistas (foto: Raphael Lorenzeto de Abreu/Wikimedia Commons)
Agência FAPESP* – Pesquisadores ligados ao Centro de Estudos da Metrópole (CEM) lançaram um novo banco de dados bibliográficos que abrange pesquisas feitas entre 1940 e 2015 sobre o urbano paulista.
Denominado “São Paulo em Teses: Catálogo Bibliográfico”, o repositório traz 5.930 referências de dissertações de mestrado e teses de doutorado, de livre-docência e de provimento de cátedra que tratam do tema, abrangendo estudos sobre os 645 municípios do Estado de São Paulo, incluindo a capital.
O projeto é uma iniciativa do UrbanData-Brasil, um banco de dados bibliográfico sobre as várias dimensões do urbano brasileiro atualmente vinculado ao CEM, um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP com sedes na Universidade de São Paulo (USP) e no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).
A base inclui as seguintes informações: autor principal, título, disciplina, ano de publicação, idioma, instituição, localização eletrônica, orientador, programa, referência temporal, gênero do autor, tipo de material e área temática de cada referência bibliográfica.
Há também um dicionário que explica cada um desses campos. Além de auxiliar os cientistas que estudam o urbano de forma geral, ou o Estado paulista, em particular, o “São Paulo em Teses” traz informações sobre a evolução das pesquisas em relação aos temas e quantidade de publicações, mostra as continuidades e aponta áreas emergentes de pesquisa sobre o urbano.
A coordenação do projeto é de Bianca Freire-Medeiros, professora livre-docente do Departamento de Sociologia da USP e coordenadora do UrbanData-Brasil.
“Trata-se de um acervo raramente abordado, apesar do crescimento vertiginoso da pós-graduação brasileira e das transformações no perfil dos discentes no século 21. Entre 2005 e 2015 produziu-se, em média, três vezes mais teses e dissertações sobre o urbano no Estado de São Paulo do que nos 65 anos anteriores”, ressalta Freire-Medeiros.
“A intenção não é substituir uma aproximação qualitativa, voltada ao conteúdo de cada obra, mas prover dados que sirvam como ponto de partida para análises e avaliações críticas da produção acadêmica sobre o urbano brasileiro”, destacam os autores no documento que explica o histórico.
Coleta e análise
A coleta da bibliografia foi realizada em duas etapas. A primeira iniciativa (SP1) foi feita pela equipe coordenada por Licia Valladares e contemplou a produção, sobretudo nacional, a respeito da questão urbana no Estado de São Paulo entre os anos de 1940 e 2004. Em 2018, o UrbanData-Brasil vinculou-se ao CEM e deu início à atualização da base bibliográfica, dos parâmetros classificatórios, do sistema de armazenamento de dados e das ferramentas de busca (SP2), estendendo o recorte temporal em dez anos (2005-2015). Enquanto uma parte da equipe se dedicava ao monitoramento e coleta das novas referências, outra revia minuciosamente a totalidade do banco de dados original. Ao final, a base chegou às 5.930 referências.
A estrutura de funcionamento do UrbanData-Brasil/CEM se organiza em torno de quatro eixos principais: monitoramento, coleta, classificação e análise. O monitoramento e a coleta são feitos nas plataformas disponíveis na internet; visitas presenciais a bibliotecas e outros repositórios de dados bibliográficos foram feitas para verificação de informações e coleta de dados. Já como procedimentos classificatório e analítico, adotou-se o uso de referências espacial e temporal; sexo do autor; e a qual disciplina se integra a pesquisa. Também foram definidas 35 áreas temáticas (ATs) para fazer a classificação e análise.
Evolução da pesquisa sobre o urbano
“São Paulo em Teses” mostra, por exemplo, que a maior parte das pesquisas sobre as cidades paulistas divulgadas como dissertação e tese se deu no campo disciplinar arquitetura e urbanismo (1.042), seguido por sociologia (866) e história (672). Também revelou alguns campos de estudo do urbano emergentes a partir dos anos 2000, como psicologia (133), ciência ambiental (126) e artes (103). Educação (485) e serviço social (280) pertencem a esta lista, mas só aparecem no ranking das disciplinas mais frequentes depois de 2005. Essa análise do eixo disciplinar trouxe à luz a diversidade das pesquisas sobre urbano.
No eixo espacial, que seria a área do Estado de São Paulo, a direção é oposta. Percebe-se o privilegiamento da capital e sua região metropolitana como objeto dos estudos, algo que atravessa as décadas e se faz presente em todas as áreas do conhecimento: 44% das teses e dissertações tratam do município de São Paulo; 19% do Estado paulista; 9% da região metropolitana e 28% sobre os outros municípios do Estado – Campinas (340), São Carlos (141) e Santo André (107) são os principais.
Ao se observar a evolução das pesquisas pelo quesito Áreas Temáticas (ATs), vemos que, no período compreendido entre 1940-1980, as pesquisas focaram, principalmente, o tema “Estrutura econômica e mercado de trabalho”, seguido pelas ATs “Estrutura regional e metropolitana” e “Estrutura social.” Já no período 1981-1999, a ênfase foi na AT “Modo de vida, imaginário social e cotidiano”, mas a AT “Pobreza e desigualdade” subiu uma posição em relação ao período anterior.
Entre 2000-2015, a AT “Modo de vida, imaginário social e cotidiano” continua em primeiro lugar, mas há um crescimento significativo de trabalhos na AT “Relações étnico-raciais”. As ATs “Espaço urbano” e “Políticas públicas” superam a AT “Estrutura econômica e mercado de trabalho”, que tinha dominado os períodos anteriores. Também há uma evolução da AT “Violência”, que entre 1940 e 1969 não tinha sido tema central de nenhuma tese ou dissertação. Em 1970, aparecem cinco indicações bibliográficas sobre o tema, que dá um salto entre 1990 e 2000 – de 37 indicações para 183, mantendo certa estabilidade no período de cinco anos, entre 2010 e 2015, com 191 trabalhos.
O catálogo “São Paulo em Teses” pode ser acessado em: urbandatabrasil.fflch.usp.br/sao-paulo-em-teses.
* Com informações do CEM, um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão da FAPESP.
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