Professor formiga
30 de janeiro de 2006

Estudo feito no Reino Unido, publicado na Nature, demonstra uma forma de educação entre formigas na qual umas ensinam às outras as melhores rotas até as fontes de alimentos

Professor formiga

Estudo feito no Reino Unido, publicado na Nature, demonstra uma forma de educação entre formigas na qual umas ensinam às outras as melhores rotas até as fontes de alimentos

30 de janeiro de 2006

 

Agência FAPESP - Um estudo feito na Universidade de Bristol, no Reino Unido, demonstrou o que se acredita ser uma forma de educação formal identificada em um animal não humano. A pesquisa verificou que formigas usam uma técnica de ensino em que alguns indivíduos ensinam a outros as melhores rotas até fontes de alimentos.

Sinais entre duas formigas controlam tanto o percurso quanto a velocidade. Esse comportamento, segundo os pesquisadores, indica que pode ser o valor da informação, mais do que o tamanho do cérebro, o que influencia a evolução do aprendizado. O estudo, feito pelos professores Nigel Franks e Tom Richardson, foi publicado na revista Nature.

De acordo com a definição de ensino no comportamento animal, um indivíduo é um "professor" se ele modifica seu comportamento na presença de um "aluno", a um custo inicial para ele mesmo, de modo a dar um exemplo para que o outro consiga aprender mais rapidamente.

"Acreditamos que o real ensinamento sempre envolve troca nas duas direções, entre o professor e o aluno. Em outras palavras, o primeiro fornece informação ou direcionamento ao segundo, em uma freqüência adequada às capacidades desse, e o pupilo sinaliza ao mestre quando partes da lição foram assimiladas, de modo que o ensinamento possa continuar", disse Franks, em comunicado da Universidade de Bristol.

Todas essas características estão presentes no comportamento das formigas estudadas, da espécie Temnothorax, segundo a pesquisa. No início do processo, chamado de "percurso em fila", o líder encontra um jovem indivíduo disposto a segui-lo. Mas o processo é lento, pois o aluno freqüentemente pára, de modo a olhar em volta à procura de sinais para que possa aprender a rota. Após completar a localização espacial, toca no líder para que a caminhada e o aprendizado continuem.

A análise detalhada dos movimentos dos professores e alunos mostra a relação entre os dois. Se a distância entre eles fica muito grande, o líder diminui a velocidade e o seguidor corre mais rapidamente. Nos casos em que o espaço se torna muito pequeno, é a vez de o líder acelerar.

A relação não supõe subordinação. Enquanto o professor fornece o percurso, o aluno dita a velocidade da lição ao parar freqüentemente para consolidar o seu conhecimento detalhado da rota.

Outro ponto é que o líder paga um preço, pois se seguisse sozinho chegaria cerca de quatro vezes mais rápido à fonte de alimentos. Mas o benefício é que o aluno aprende onde está a comida muito mais rapidamente por esse processo do que o faria sozinho. Ou seja, a perda individual é compensada grandemente pelo ganho coletivo.

Depois de aprender o percurso, o aluno torna-se professor, ensinando outros indivíduos e ampliando o fluxo de informação dentro do formigueiro. "É um comportamento eficiente com uma simplicidade encantadora", disse Tom Richardson.

O artigo Teaching in tandem-running ants, de Nigel R. Franks e Tom Richardson, pode ser lido por assinantes no site da Nature, em www.nature.com.


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