Soja transgênica em plantação na Argentina (foto: ISAAA)

Produção concentrada
20 de janeiro de 2004

Pesquisa internacional mostra que países em desenvolvimento estão aderindo ao plantio de organismos geneticamente cultivados muito mais rapidamente do que as nações industrializadas. Seis nações respondem hoje por 99% das lavouras transgênicas no mundo. O Brasil é um deles

Produção concentrada

Pesquisa internacional mostra que países em desenvolvimento estão aderindo ao plantio de organismos geneticamente cultivados muito mais rapidamente do que as nações industrializadas. Seis nações respondem hoje por 99% das lavouras transgênicas no mundo. O Brasil é um deles

20 de janeiro de 2004

Soja transgênica em plantação na Argentina (foto: ISAAA)

 

Agência FAPESP - Agricultores de países em desenvolvimento estão aderindo ao plantio de organismos geneticamente modificados em uma taxa duas vezes maior do que aqueles que vivem em países industrializados.

Em 2003, a área total cultivada com transgênicos em nações em desenvolvimento aumentou em 4,4 milhões de hectares, ou 28%. Em comparação, o crescimento nos países desenvolvidos foi de 11%.

Os resultados são de uma pesquisa feita pelo International Service for the Acquisition of Agri-biotech Applications (ISAAA), organização que defende a transferência de biotecnologia para regiões menos favorecidas, e divulgada pelo serviço on-line SciDev.Net.

De acordo com o estudo, sete milhões de fazendeiros em 18 países plantam atualmente organismos geneticamente modificados. Do total, 85% estão em países em desenvolvimento. Também foi verificado um aumento da produção nessas regiões, que passou de um quarto do total mundial em 2002 para um terço em 2003.

Seis países sozinhos respondem hoje por 99% do plantio de transgênicos no mundo: Estados Unidos, Argentina, Canadá, China, África do Sul e Brasil. Os maiores aumentos verificados no ano passado em área plantada foram na China e na África do Sul, com crescimento de 33%.

Segundo a pesquisa, no Brasil a área cultivada com transgênicos seria de 3 milhões de hectares, "em estimativa conservadora". Na Argentina, seriam cerca de 14 milhões de hectares. A soja é o mais comum dos organismos geneticamente modificados. De acordo com a ISAAA, 55% da safra de soja no mundo atualmente é transgênica.

O instituto estima que nos próximos cinco anos dez milhões de produtores em 25 países irão plantar cerca de 100 milhões de hectares com transgênicos.

"Os produtores estão aderindo cada vez mais rapidamente aos produtos da biotecnologia devido a suas vantagens agronômicas, econômicas, ambientais e sociais", disse Clive James, chairman da ISAAA, organização financiada por entidades governamentais e empresas de biotecnologia como Monsanto, Cargill, Bayer e Syngenta.

Os ambientalistas discordam. Segundo Alex Wijeratna, da ActionAid, a adesão aos transgênicos teria muito mais a ver com o marketing agressivo feito por grandes corporações do que com os benefícios que os produtos podem oferecer. "Na África, por exemplo, apenas três empresas dominam toda a produção de sementes. Estamos muito preocupados com a concentração do mercado", disse.

Para ler um resumo da pesquisa da ISAAA, em inglês, clique aqui.


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