Adriana Miranda, da Secretaria de Educação Superior, diz que a evasão entre alunos que ingressaram por cotas é igual a dos demais (foto: Karin Fusaro)

Problemas básicos em primeiro lugar
21 de julho de 2005

Mais do que buscar formas de inserir estudantes carentes e minorias raciais no ensino superior, experiências apresentadas na 57ª SBPC mostram que a universidade precisa melhorar sua estrutura física e lutar contra a evasão

Problemas básicos em primeiro lugar

Mais do que buscar formas de inserir estudantes carentes e minorias raciais no ensino superior, experiências apresentadas na 57ª SBPC mostram que a universidade precisa melhorar sua estrutura física e lutar contra a evasão

21 de julho de 2005

Adriana Miranda, da Secretaria de Educação Superior, diz que a evasão entre alunos que ingressaram por cotas é igual a dos demais (foto: Karin Fusaro)

 

Por Karin Fusaro

Agência FAPESP - "Tem menino que passa o dia com um saquinho de pipoca e diz: professora, não estressa, eu estou acostumado a comer só isso." O relato é da professora Márcia Souto Maior, da pró-reitoria de graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Uerj), durante o simpósio Inclusão social na universidade brasileira realizado na 57ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Fortaleza.

Segundo Márcia, apesar da tentativa de equalizar as oportunidades de inserção de alunos carentes e de minorias na Uerj com a adoção do sistema de cotas, a universidade não tem estrutura para acomodar os estudantes – como alojamentos e restaurante universitário – e as bolsas não são suficientes para custear os gastos dos alunos durante a graduação. A universidade fluminense adotou a reserva de vagas em 2003 e, desde então, conseguiu a adesão de 7 mil alunos.

No lugar do sistema de cotas, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) vem trabalhando no Plano de Ação Afirmativa e Inclusão Social (Paais), que prevê isenção de taxa de vestibular para alunos carentes e acréscimo de 30 a 40 pontos na nota dos vestibulandos oriundos do ensino público ou autodeclarados afro descendentes ou índios. "A primeira turma beneficiada pelo programa está concluindo o primeiro semestre com excelentes resultados, sobre os quais ainda estamos debruçados", afirmou José Tadeu Jorge, reitor da Unicamp.

"A evasão universitária entre alunos ingressantes pelo sistema de cotas é igual à dos estudantes que entram na graduação pelo método tradicional, em torno de 40%", explicou Adriana Miranda, integrante da Diretoria de Políticas Públicas para Educação, da Secretaria de Educação Superior (SESu/MEC).

Para Márcia Souto Maior, além do sistema de cotas é preciso um investimento maciço na permanência do aluno na instituição, distribuição de bolsas que dêem ao aluno a oportunidade de trabalhar na universidade, abertura de vagas e cursos noturnos.

"É preciso que a educação superior seja uma política de Estado e não apenas de governo", afirmou Oswaldo Baptista Duarte Filho, presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e reitor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).


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