Prótons se deslocam com sucesso pelos 27 km do maior acelerador de partículas do mundo, abrindo um novo capítulo no estudo do Universo e de seus componentes mais elementares (divulgação)

Primeira volta no LHC
11 de setembro de 2008

Prótons se deslocam com sucesso pelos 27 km do maior acelerador de partículas do mundo, abrindo um novo capítulo no estudo do Universo e de seus componentes mais elementares

Primeira volta no LHC

Prótons se deslocam com sucesso pelos 27 km do maior acelerador de partículas do mundo, abrindo um novo capítulo no estudo do Universo e de seus componentes mais elementares

11 de setembro de 2008

Prótons se deslocam com sucesso pelos 27 km do maior acelerador de partículas do mundo, abrindo um novo capítulo no estudo do Universo e de seus componentes mais elementares (divulgação)

 

Agência FAPESP – O grande dia do grande experimento chegou. Depois de duas décadas de planejamento e quase uma para construção, a Organização Européia para a Pesquisa Nuclear (Cern) ligou o maior instrumento científico já construído pelo homem, o LHC, ou “grande colisor de hádrons”.

Ainda é apenas um teste, o primeiro. A inauguração oficial do gigantesco acelerador de partículas que custou mais de US$ 8 bilhões, instalado na fronteira entre a França e a Suíça, está marcada para 10 de outubro. Mas a animação de milhares de pesquisadores em todo o mundo é fácil de entender.

O LHC traz a promessa de responder a alguns dos mais profundos mistérios da ciência, ao investigar as partículas mais elementares da matéria e replicar fenômenos que tiveram lugar durante o Big Bang, a explosão que teria dado origem ao Universo.

A primeira leva de prótons se deslocou por alguns instantes quase à velocidade da luz pela estrutura circular de 27 quilômetros, a cerca de 100 metros abaixo da superfície. O momento histórico ocorreu às 5h28 (hora de Brasília) desta quarta-feira (10/9), pouco antes de garrafas de champanhe serem abertas no Cern, mesmo local em que o inglês Tim Berners-Lee criou a web em 1990.

“É um momento fantástico. Agora, poderemos olhar para a frente, rumo a uma nova era de compreensão a respeito das origens e da evolução do Universo”, disse Lyn Evans, diretor do projeto do LHC.

“O LHC é uma máquina de descobertas. Seu programa de pesquisa tem o potencial de mudar nossa visão do Universo de forma profunda, continuando uma tradição de curiosidade que é tão antiga como a própria humanidade”, disse Roberty Aymar, diretor-geral do Cern.

“Máquina de descobertas”, “acelerador de respostas” ou simplesmente LHC, a estrutura foi projetada para acelerar partículas a energias até então impensáveis, de mais de 5 trilhões de elétron-volts, de modo que ocorram choques entre elas. As colisões, acreditam os cientistas, recriariam cenário semelhante ao ocorrido apenas um trilionésimo de segundo após o Big Bang.

Trata-se de algo jamais tentado e que, por isso mesmo, ninguém sabe ao certo qual será o resultado. Centenas de cientistas de mais de 80 países (entre os quais o Brasil) que participam do projeto não sabem o que acontecerá e quais leis prevalecerão após tais colisões.

“O fato de haver muitas teorias significa que não temos uma pista do que vai ocorrer. E é justamente isso que torna o LHC tão empolgante”, disse Pier Oddone, diretor do Acelerador do Laboratório Fermi, nos Estados Unidos, ao The New York Times. Até a estréia do LHC, estava no Fermilab o maior acelerador de partículas do mundo.

A partir do ano que vem, quando o LHC estiver em pleno funcionamento, muitos físicos esperam ver materializada uma partícula até hoje hipotética, o bóson de Higgs, teorizado pelo professor emérito da Universidade de Edimburgo, na Escócia, Peter Higgs.

De integrar a misteriosa matéria escura que envolve grande parte do Universo a revelar novas dimensões no espaço-tempo, o bóson reúne tantas possibilidades que chega a aproximar a ciência da ficção. Com o LHC, os cientistas poderão tentar identificar primeiro se a partícula existe e, depois, qual o seu papel.

Mais informações: http://public.web.cern.ch
 

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