Os gigantes caranguejos que vivem na terra – e até sobem em coqueiros – desenvolveram, ao longo da evolução, um sistema olfativo semelhante ao dos insetos e não parecido com o dos crustáceos
Os gigantes caranguejos que vivem na terra – e até sobem em coqueiros – desenvolveram, ao longo da evolução, um sistema olfativo semelhante ao dos insetos e não parecido com o dos crustáceos
Por viver ao ar livre – e não do fundo dos oceanos ou rios – esse caranguejo teve que desenvolver um sistema olfativo bastante atípico, se comparado com o que existe nas outras espécies de crustáceos. Um estudo apresentado na edição de janeiro da Current Biology, assinado por pesquisadores suecos e australianos, mostra que os ladrões de coco seguiram o mesmo caminho evolutivo dos insetos.
Para o olfato, a mudança de hábitat trouxe profundas conseqüências. Enquanto no mar os estímulos vêm atrelados às moléculas de água, no ar ocorre exatamente o contrário. Os pesquisadores descobriram que a evolução não desenhou apenas novas funções para o sistema olfativo dos caranguejos. Também foram descritas características especiais em relação às estruturas anatômicas e aos comportamentos de sobrevivência.
Os pesquisadores, a partir de detalhadas análises bioquímicas e estruturais, descobriram que o molde usado pela seleção natural para construir o sistema olfativo dos caranguejos terrestres era praticamente o mesmo dos insetos. Eles acreditam que essas alterações teriam sido decisivas, inclusive, para a importante transição feita por todos os seres vivos dos ambientes aquáticos para os terrestres.
Segundo Marcus Stensmyr, pesquisador da Universidade de Ciências Agrárias da Suécia e um dos autores do trabalho, o olfato dos insetos encontrado no caranguejo terrestre é um exemplo importante de evolução convergente.
"Ele ilustra de forma belíssima como necessidades similares, mesmo entre organismos tão distantes, podem resultar em um mesmo ponto de chegada", afirma.
O artigo Insect-like olfactory adaptations in the terrestrial giant robber crab, de Marcus C. Stensmyr, Susanne Erland, Eric Hallberg, Rita Wallén, Peter Greenaway e Bill S. Hansson, pode ser lido no site da Current Biology, em www.current-biology.com
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