A entrevista, que teve como tema a educação, também contou com a participação do cientista político Fernando Schüler, professor do Insper (imagem: divulgação)

Presidente da FAPESP participa de programa na BandNews
29 de maio de 2019

A entrevista, que teve como tema a educação, também contou com a participação do cientista político Fernando Schüler, professor do Insper

Presidente da FAPESP participa de programa na BandNews

A entrevista, que teve como tema a educação, também contou com a participação do cientista político Fernando Schüler, professor do Insper

29 de maio de 2019

A entrevista, que teve como tema a educação, também contou com a participação do cientista político Fernando Schüler, professor do Insper (imagem: divulgação)

 

Agência FAPESP – O presidente da FAPESP, Marco Antonio Zago, e o cientista político e professor do Insper Fernando Schüler participaram de programa especial da BandNews, no dia 21 de maio. A entrevista, que teve a educação como tema, foi conduzida pelo jornalista Marcello D´Angelo. Estiveram em pauta o contingenciamento de recursos para o ensino e a pesquisa, modelos de financiamento da educação, parceria entre universidades e empresas e a educação básica no país.

Zago demonstrou preocupação com o corte de recursos na educação, ciência e tecnologia, sublinhando que, para as universidades, os efeitos são danosos. “Quando se interrompe uma tese ou uma pesquisa, interrompe-se também a construção de um conhecimento que é essencial para o desenvolvimento do país”, afirmou.

São Paulo, ele reconheceu, é um Estado menos vulnerável às oscilações de orçamento por ter criado, há 30 anos, um sistema de financiamento das universidades públicas estaduais atrelado a uma parcela da arrecadação do ICMS, o que evita ajustes ou cortes e garante a autonomia, estabilidade e crescimento das universidades de São Paulo (USP), Estadual de Campinas (Unicamp) e Estadual Paulista (Unesp).

“Ao longo desses 30 anos, o percentual transferido às universidades cresceu 50% – o que é modesto –, mas as despesas com funcionários e professores cresceram menos que isso. Já o número de estudantes de cursos de pós-graduação cresceu muito; as publicações de pesquisa, por exemplo, aumentaram 16 vezes”, afirmou. Mesmo quando as universidades enfrentaram desequilíbrio financeiro, foram capazes de corrigir seu rumo, sem intervenções externas, acrescentou.

Zago defende que a cobrança de mensalidade nas universidades públicas seja discutida com a sociedade, já que a gratuidade está prevista na Constituição. Mas suspeita que o pagamento de mensalidade não tenha o efeito esperado: na Universidade da Califórnia, com orçamento de US$ 32 bilhões, o pagamento de mensalidade equivale a 13% da receita, exemplificou, acrescentando que outras formas de financiamento, como fundos de doação (endowment), estão avançando no país, mas o desafio “é encontrar doadores” e aproximar a universidade do setor privado.

A parceria entre universidade e empresa também tem ampliado, já que, atualmente, existe uma compreensão mais ampla de que essa relação não ameaça a autonomia e a liberdade da universidade. A FAPESP, ele acrescentou, tem contribuído para essa aproximação, ao constituir, junto com empresas do porte de Equinor, GSK e Citröen, entre outras, Centros de Pesquisa em Engenharia (CPE) para implementar projetos colaborativos em pesquisa aplicada.

Mas, para o presidente da FAPESP, o “calcanhar de Aquiles” do país está na educação básica, que necessita de uma “revolução”. “Falta coordenar iniciativas, qualificar professores e pagar bons salários para atrair jovens criativos e promissores.”

Schüler observou que o Estado de São Paulo “fez a lição de casa” ao adotar medidas de ajuste e de responsabilidade fiscal e, por isso, tem a FAPESP, “única instituição de fomento do país que tem escala”. O cientista político sugeriu que o modelo de gestão das universidades – “autárquico e rígido” – seja repensado, assim como o da educação básica. O novo modelo, afirmou, deveria se inspirar nos bons resultados do Sistema Único de Saúde (SUS), que possibilitou a adoção de parcerias profícuas com o setor privado. Ele citou o exemplo das charter schools, nos Estados Unidos, que são operadas por entidades filantrópicas, confessionais ou comunitárias, mediante contrato com o Estado. “Aqui, o Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação] proíbe esse tipo de parceria”, salientou.

Para assistir à íntegra da entrevista clique em: namidia.fapesp.br/especial-bandnews-educacao/186449.
 

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