Ácaro sob efeito do éster
(foto:divulgação)

Praguicida alternativo
16 de setembro de 2005

Pesquisadores da Unesp desenvolvem solução a partir da mistura de açúcar e óleo de soja. O produto, de baixo custo e impacto reduzido ao meio ambiente, mostrou eficiência no combate a ácaros e insetos

Praguicida alternativo

Pesquisadores da Unesp desenvolvem solução a partir da mistura de açúcar e óleo de soja. O produto, de baixo custo e impacto reduzido ao meio ambiente, mostrou eficiência no combate a ácaros e insetos

16 de setembro de 2005

Ácaro sob efeito do éster
(foto:divulgação)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) desenvolveram um novo praguicida a partir da mistura de açúcar e óleo de soja. Durante os primeiros testes em laboratório, o produto mostrou eficiência no combate a algumas pragas agrícolas. Além disso, a substância tem baixo custo de produção e pequeno impacto ambiental.

O pesticida foi produzido a partir de reações químicas entre a sacarose da cana-de-açúcar, o óleo de soja e um catalisador. "O catalisador é um produto químico que simplesmente acelera a mistura dos dois elementos, gerando um terceiro produto conhecido como éster de sacarose", explicou Reinaldo José Fazzio Feres, um dos coordenadores da pesquisa, à Agência FAPESP.

Após sua obtenção, o produto é dissolvido em água em diferentes proporções, dependendo da praga que se deseja atingir. "O segredo está em testar diferentes concentrações do éster de sacarose antes de utilizá-lo. É preciso definir a dosagem para cada tipo de praga", conta Feres.

Resultados promissores foram verificados em laboratório no combate aos ácaros Calacarus heveae, que afeta seringueiras, e Tetranychus ogmophallus, praga do amendoim e de plantas ornamentais. Nos dois casos, o produto apresentou uma eficácia de até 93%. Nos testes com insetos, a substância eliminou entre 90% e 100% das populações da lagarta-do-cartucho-do-milho e da mosca-branca, que ataca mais de 700 espécies de plantas.

"Aparentemente, o produto é bastante eficiente, mas apenas sucessivos testes em campo poderão comprovar esses resultados, por conta da existência de uma grande quantidade de abrigos no ambiente natural, como galhos e folhas", disse Feres. "Uma primeira aplicação em campo do produto já foi feita em um pomar comercial de citros com resultados bastante animadores."

O pesquisador conta que, no campo, após a aplicação do praguicida numa proporção de 5 gramas de éster por litro de água, o índice de infestação do ácaro da leprose dos citros (Brevipalpus phoenicis) caiu de 7,5% para 2,5%. "O mais interessante foi que, com uma concentração de 10 gramas de éster por litro, a infestação de 7,5% foi reduzida a zero", comemora Feres.

Segundo ele, além de os números comprovarem a eficácia do novo praguicida, outra grande vantagem é seu baixo custo de produção. Com cerca de R$ 5 é possível adquirir açúcar e óleo de soja em quantidade suficiente para produzir 1 quilo do produto. "Ao ser diluído em água, esse volume pode render até 200 litros", explica.

Além disso, por ser formulado basicamente por ésteres de sacarose, substâncias naturais derivadas do açúcar e utilizadas, por exemplo, na produção de alimentos sem gordura, o produto não oferece risco para a saúde humana e não afeta o desenvolvimento da planta.

Os trabalhos foram realizados por uma equipe coordenada por Feres e pelo professor Mauricio Boscolo, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), em São José do Rio Preto, e Odair Aparecido Fernandes, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), em Jaboticabal.


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.