Pouco consenso
03 de abril de 2006

Diferenças no teor dos discursos feitos no encerramento da COP 8 pelos lados participantes são grandes. Ainda assim, alguns pontos positivos acordados são destacados

Pouco consenso

Diferenças no teor dos discursos feitos no encerramento da COP 8 pelos lados participantes são grandes. Ainda assim, alguns pontos positivos acordados são destacados

03 de abril de 2006

 

Por Eduardo Geraque, de Curitiba

Agência FAPESP - A moratória ao gene "terminator" ("exterminador"), que se introduzido em uma semente pode deixá-la estéril, e a resolução da questão das árvores transgênicas, a serem importadas ou exportadas livremente pelos países.

Tanto os grupos oficiais como as organizações não-governamentais que participaram da Oitava Conferência das Partes da Convenção da Diversidade Biológica (COP 8) concordam que esses temas geraram pontos positivos no evento que terminou no dia 31, em Curitiba.

A resolução sobre as árvores transgênicas estabelece que nada pode ser feito até que o órgão técnico da Convenção da Diversidade Biológica (CDB) dê o seu parecer e o assunto volte a ser discutido. O que deve ocorrer em 2008.

"A decisão de encaminhar a questão das árvores transgênicas para o órgão científico da CDB é muito positiva e está de acordo com a posição brasileira", disse Marina Silva, ministra do Meio Ambiente.

Se do lado positivo esses foram dois dos únicos consensos entre os vários atores sociais presentes no evento curitibano – o Greenpeace fala em "completo fracasso", enquanto os representantes do governo brasileiro, tanto do Ministério do Meio Ambiente como das Relações Exteriores falam em "avanços significativos" –, do lado negativo também existe uma preocupação em comum.

Todos as partes presentes na reunião da CDB discursaram a favor de aumentar as ações para implementação da convenção e para que a perda da biodiversidade seja reduzida de forma significativa até 2010. Mas a grande dúvida é saber como isso será feito.

"Claro que a questão dos recursos financeiros preocupa, apesar de que temos uma agenda cheia para não apenas garantir as verbas como também aumentar as contribuições", explica Marina, que pelos próximos dois anos segue à frente da presidência da COP, posto que assumiu em Curitiba.

Marina terá à disposição cerca de US$ 1 bilhão, recursos até certo ponto escassos para o tamanho do desafio que há pela frente. Um problema forte de caixa pode ocorrer já nos próximos meses. Os Estados Unidos, país que mais contribui para o GEF (Global Environment Facility – fundo que praticamente mantém a CDB), anunciaram que vão reduzir pela metade o seu aporte, que seria de US$ 107 milhões em 2007. E outros países ricos ameaçam fazer a mesma coisa, caso os norte-americanos não voltem atrás em sua decisão.

"Queremos não apenas manter os recursos, como também aumentar os repasses dos países ricos para as nações em desenvolvimento", explica Marina, que também pretende fechar acordos trilaterais. "O Brasil, por exemplo, poderá receber dinheiro dos países ricos para fazer ações em todos as nações de língua portuguesa", explicou a ministra.


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