'O jovem doutor brasileiro têm a sensação de que o país não oferece possibilidades de emprego à altura de seu talento e formação', disse Reinaldo Guimarães, do Ministério da Saúde

Poucas chances para jovens doutores
23 de julho de 2004

Brasil forma muitos e bons pesquisadores, mas o mercado não consegue absorver a valiosa mão-de-obra. "O jovem acha que o país não oferece possibilidades de emprego à altura de seu talento e formação", disse Reinaldo Guimarães, diretor do Departamento de C&T do Ministério da Saúde, na 56ª SBPC

Poucas chances para jovens doutores

Brasil forma muitos e bons pesquisadores, mas o mercado não consegue absorver a valiosa mão-de-obra. "O jovem acha que o país não oferece possibilidades de emprego à altura de seu talento e formação", disse Reinaldo Guimarães, diretor do Departamento de C&T do Ministério da Saúde, na 56ª SBPC

23 de julho de 2004

'O jovem doutor brasileiro têm a sensação de que o país não oferece possibilidades de emprego à altura de seu talento e formação', disse Reinaldo Guimarães, do Ministério da Saúde

 

Por Thiago Romero, de Cuiabá

Agência FAPESP - Apesar de o Governo Federal gastar com cursos de pós-graduação e na formação de recursos humanos de alto nível, não prevê o aproveitamento desses novos mestres e doutores. No Brasil, foram formados 8.094 doutores em 2003, um grande salto em relação aos 868 de 1987. Apesar disso, apenas durante a década de 1990, o país perdeu cerca de 1 mil pesquisadores para empresas e institutos de pesquisa no exterior.

Os dados foram apresentados durante o debate "Mercado de trabalho para jovens doutores", na manhã de quinta-feira (22/07), na 56ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Cuiabá.

"O Brasil é um excelente fornecedor de mão-de-obra para o mundo. Além da falta de oportunidades, o jovem doutor brasileiro têm a sensação de que o país não oferece possibilidades de emprego à altura de seu talento e formação", disse Reinaldo Guimarães, diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (MS).

Outro problema discutido foi a evasão de professores. Para o presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Luciano Rezende Moreira, a previsão é que aproximadamente 1 mil professores deixarão as universidades brasileiras até o final deste ano. "Por conta disso, o Ministério da Educação deve abrir novos concursos públicos para preencher essas vagas, pois o retardamento nas contratações faz com que os professores que estão se aposentando deixem de compartilhar suas experiências com os jovens que precisam ser contratados na academia", disse.

Ao comentar tentativas para solucionar o problema, Moreira se mostrou confiante na nova política industrial do Governo Federal. "Trata-se de um projeto que abrange pontos importantes que, conseqüentemente, deverão ser responsáveis pela absorção de milhares de jovens mestres e doutores, principalmente na indústria de software, fármacos, semicondutores e bens de capital", acredita.

Recentemente a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação, instituiu a comissão responsável pela elaboração do Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG), referente ao qüinqüênio 2005-2010. A proposta deverá ser apresentada até dezembro. De acordo com os especialistas presentes em Cuiabá, trata-se de um importante instrumento para traçar metas estratégicas de uma política de investimentos no setor, considerando os novos desafios para a formação de recursos humanos no Brasil e o avanço de diferentes áreas do conhecimento.

"É preciso haver uma ampla participação da comunidade acadêmica na elaboração dessas diretrizes, pois a idéia é que o PNPG consiga assegurar uma maior absorção, pelo mercado de trabalho brasileiro, dos recursos humanos qualificados pelos programas de pós-graduação", defendeu Moreira.


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