Para José Borzacchiello da Silva, da Federal do Ceará, centro e periferia se encontram na perspectiva da realidade física, mas se distanciam cada vez mais sob o ponto de vista sócio-cultural (foto: T. Romero)
José Borzacchiello da Silva, da Federal do Ceará, fala na 57ª SBPC sobre o processo de fragmentação social nas grandes cidades. Centro e periferia se encontram na perspectiva da realidade física, mas se distanciam cada vez mais sob o ponto de vista sócio-cultural
José Borzacchiello da Silva, da Federal do Ceará, fala na 57ª SBPC sobre o processo de fragmentação social nas grandes cidades. Centro e periferia se encontram na perspectiva da realidade física, mas se distanciam cada vez mais sob o ponto de vista sócio-cultural
Para José Borzacchiello da Silva, da Federal do Ceará, centro e periferia se encontram na perspectiva da realidade física, mas se distanciam cada vez mais sob o ponto de vista sócio-cultural (foto: T. Romero)
Agência FAPESP - Historicamente, as cidades brasileiras sempre viveram um processo de plena expansão populacional. A lógica é simples: a periferia cresce até encontrar a cidade e vice-versa, criando uma sociedade cada vez mais dividida e que naturalmente acaba entrando em conflito social.
Esse foi o pano de fundo da conferência Os incomodados não se retiram: caos urbano na periferia, proferida pelo geógrafo José Borzacchiello da Silva, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), nesta terça-feira (19/7), na 57ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Fortaleza. A idéia foi analisar os movimentos sociais urbanos em uma perspectiva geográfica.
"Os incomodados continuam se incomodando. Nem os pobres nem os ricos se retiram dos grandes centros urbanos e eles continuam se incomodando, uns com a presença dos outros", disse Silva. O geógrafo cita o Rio de Janeiro como o melhor exemplo para ilustrar esse conflito de classes: o centro e a periferia travam uma luta permanente por um lugar na cidade.
Diante dessas perspectivas de fragmentação social, as autoridades responsáveis pela adoção de políticas de habitação criam falsos conceitos ideológicos. "O conceito de área ambientalmente frágil, por exemplo, faz com que o governo desvie o foco da habitação para discutir o problema das áreas de risco. Enquanto isso, a população favelada cresce em proporções incontroláveis", disse Silva.
Segundo ele, essa discussão política travada nas grandes cidades faz com que as áreas de risco passem a ser enxergadas como um espaço duvidoso. "Diante das necessidades da população, não se sabe mais se as favelas são vistas como um problema social ou como uma solução habitacional. Em Fortaleza, por exemplo, mais de 40% da população mora em favelas."
Resultado: a sociedade é induzida para uma modificação da forma urbana e do perfil da cidade. Centro e periferia se encontram na perspectiva de uma realidade física, mas se distanciam cada vez mais sob o ponto de vista da realidade sociocultural. "E isso é uma tendência nacional, que se repete em praticamente todas as grandes cidades brasileiras", disse o pesquisador.
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