Estudo da Nasa mostra que fontes poluidoras afetam em larga escala a formação das chamadas nuvens tropicais do tipo bigorna, mesmo em regiões distantes (foto: Nasa)

Poluição que vem de longe
06 de maio de 2004

Estudo da Nasa mostra que fontes poluidoras afetam em larga escala a formação das chamadas nuvens tropicais do tipo bigorna, mesmo em regiões distantes. A descoberta, publicada na revista Science, deve permitir que sejam melhorados os modelos climáticos que enfocam a poluição atmosférica

Poluição que vem de longe

Estudo da Nasa mostra que fontes poluidoras afetam em larga escala a formação das chamadas nuvens tropicais do tipo bigorna, mesmo em regiões distantes. A descoberta, publicada na revista Science, deve permitir que sejam melhorados os modelos climáticos que enfocam a poluição atmosférica

06 de maio de 2004

Estudo da Nasa mostra que fontes poluidoras afetam em larga escala a formação das chamadas nuvens tropicais do tipo bigorna, mesmo em regiões distantes (foto: Nasa)

 

Agência FAPESP - Os cirrus tropicais em forma de bigorna são nuvens associadas a grandes quantidades de chuva. Apesar de o processo de formação desses verdadeiros reservatórios de água na atmosfera da Terra ser desconhecido, os cientistas sabem que, no interior dessas nuvens, as partículas em suspensão na atmosfera e os cristais de gelo sofrem uma atração físico-química bastante forte. Essa união é a responsável pela gênese desses cirrus tropicais.

O surpreendente, conforme mostra um estudo feito com base em dados da Nasa, a agência espacial norte-americana, publicado na edição atual da revista Science, foi a revelação do local onde ocorre a união entre os cristais de gelo e as partículas em suspensão. O que se imaginava até agora é que essa espécie de abraço físico-químico ocorresse em um âmbito bastante local, próximo à superfície da Terra e perto das base das nuvens do tipo bigorna.

Segundo a primeira autora do trabalho, Ann Fridlind, do Centro de Pesquisa Ames, da Nasa, o que se descobriu foi algo totalmente diferente. O processo de ligação entre os cristais de gelo e as partículas em suspensão, muitas delas originárias da poluição da atmosfera provocada pelo homem, ocorre em altas altitudes. Ou melhor, a seis ou dez quilômetros de distância do solo, na chamada mesotroposfera, onde ocorrem transportes de longa distância das partículas em suspensão.

Na atmosfera existe, de forma natural, vários dos compostos lançados pelo homem no ar das grandes cidades. Em vários casos, como na formação das nuvens do tipo bigorna ou até mesmo na proteção dos raios ultravioleta, uma determinada quantidade dessas substâncias é até salutar para a vida na Terra. Mas o preocupante é a descoberta de que a poluição de uma determinada cidade pode interferir no estado climático de regiões muito distantes.

O estudo, assinado por outros 16 pesquisadores de vários institutos dos Estados Unidos e do México, lança mais luz no sistema de distribuição da poluição atmosférica. Essas informações também devem contribuir para que os modelos climáticos globais sejam melhorados. As nuvens estudadas, dependendo da quantidade de cristais de gelo inseridos no interior delas, podem contribuir para o aquecimento ou resfriamento da atmosfera em escala global.


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