Estudo feito em camundongo mostra que o número de nascidos vivos foi a característica que mais apresentou variações significativas por causa da poluição
(foto:MMA)

Poluição impacta fertilidade
30 de junho de 2005

Em estudo feito por pesquisadores da USP, fêmeas de camundongo expostas ao ar em São Paulo tiveram menos filhotes que outro grupo exposto a concentrações menores de poluentes

Poluição impacta fertilidade

Em estudo feito por pesquisadores da USP, fêmeas de camundongo expostas ao ar em São Paulo tiveram menos filhotes que outro grupo exposto a concentrações menores de poluentes

30 de junho de 2005

Estudo feito em camundongo mostra que o número de nascidos vivos foi a característica que mais apresentou variações significativas por causa da poluição
(foto:MMA)

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - A poluição da cidade de São Paulo, os cientistas já sabiam, afeta a qualidade da saúde da população. Os gases tóxicos e invisíveis, e isso já era conhecido, atingem também a fertilidade masculina. Estudo que acaba de ser publicado na revista Environmental Research, realizado em São Paulo, identificou o impacto que o ar poluído tem sobre a fertilidade de fêmeas de camundongo.

"Os animais ficaram expostos em câmaras no jardim da Faculdade de Medicina, no cruzamento da rua Teodoro Sampaio com a avenida Doutor Arnaldo", explica Marisa Dolhnikoff, principal autora do estudo. Segundo a professora do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, os resultados obtidos na pesquisa não deixam dúvidas. "Existe um comprometimento da fertilidade das fêmeas provocado pela poluição."

No estudo, o grupo formado por sete pesquisadores analisou diversas variáveis relacionadas à prole oriunda de mães que passaram quase toda a vida na câmara poluída. "O número de nascidos vivos foi a característica que mais apresentou variações significativas do ponto de vista estatístico", explica Marisa. Os animais expostos ao ar da região da avenida Paulista foram comparados com outros que inalaram ar filtrado, portanto, com menor quantidade de poluentes.

"Analisamos outras características, como o peso ao nascer, número de nascidos mortos e reabsorção fetal. Além dos nascidos vivos, a quantidade de implantações fetais no útero também apresentou uma diferença significativa", disse Marisa. Segundo a pesquisadora, o grupo da câmara poluída com o ar atmosférico respirado normalmente pelo paulistano teve mais problemas durante a implementação.

Depois de comprovar que a poluição também afeta a fertilidade em fêmeas de camundongo, os pesquisadores vão agora atrás dos mecanismos dessas alterações. "Ainda não sabemos o que está ocorrendo. Pode ser algo com a placenta, com o nível de oxigênio. Nosso objetivo agora é identificar os mecanismos dessas modificações", conta Marisa.

Enquanto nos machos os estudos já estão mais adiantados, porque é mais fácil comprovar o impacto da poluição sobre a quantidade de espermatozóides produzidos, em fêmeas é mais complicado detectar as conseqüências dos gases tóxicos.

O artigo Decreased fertility in mice exposed to environmental air pollution in the city of Sao Paulo, publicado na revista Environmental Research, é assinado por Soraya Vecci Mohallema, Débora Jã de Araújo Lobo, Célia Regina Pesquero, João Vicente Assunção, Paulo Afonso de Andrea, Paulo Hilário Nascimento Saldiva e Marisa Dolhnikoff.


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