Poluição fatal
09 de agosto de 2004

Estudo mostra que ar poluído contribui para o aumento das mortes prematuras de recém-nascidos na cidade de São Paulo. No período estudado, entre 1998 e 2000, houve um aumento de 6,3% no número de mortes durante os dias com altos índices de poluição

Poluição fatal

Estudo mostra que ar poluído contribui para o aumento das mortes prematuras de recém-nascidos na cidade de São Paulo. No período estudado, entre 1998 e 2000, houve um aumento de 6,3% no número de mortes durante os dias com altos índices de poluição

09 de agosto de 2004

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Um estudo desenvolvido na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) constatou que a poluição das grandes cidades, como é o caso de São Paulo, pode provocar um crescimento no número de mortes entre recém-nascidos. A pesquisa analisou a relação entre a concentração de gases poluentes na atmosfera e o número de mortes de crianças recém-nascidas entre 1 e 28 dias de vida na capital paulista.

"Houve um crescimento de 6,3% no número de mortes entre as crianças durante os dias em que a poluição atmosférica foi mais intensa", disse Chin An Lin, professor da FMUSP e responsável pelo estudo, à Agência FAPESP. Segundo o pesquisador, os resultados obtidos mostraram que a poluição causa inflamações graves nas vias aéreas dos recém-nascidos, que acabam morrendo de forma prematura em decorrência dessas infecções.

Chin, que detectou grande presença de dióxido de enxofre e materiais particulados como metais pesados e poeira no ar paulistano, alertou que o problema ocorre desde o início da gestação. "Os bebês já estão expostos aos efeitos da poluição na barriga da mãe", revela. Uma outra pesquisa desenvolvida recentemente, explica o pesquisador, demonstrou a presença de altos índices de monóxido de carbono no sangue do cordão umbilical das mães estudadas. "A concentração aumentou em dias mais poluídos", explica.

A pesquisa, que foi dividida em quatro períodos considerando os dias menos e mais poluídos da capital paulista, foi realizada no Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental (LPAE) da FMUSP. Os números oficiais da mortalidade em São Paulo, obtidos no Programa de Aprimoramento de Informação sobre a Mortalidade (Proaim), foram cruzados com os dados referentes às condições meteorológicas oferecidos pela Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (Cetesb).

"Estamos diante de um problema ambiental com graves conseqüências na saúde pública da população brasileira", disse. É sabido que diversas causas podem levar uma criança à morte, como desnutrição, diarréia ou infecções generalizadas. Porém, dentre as principais causas está a poluição, que contribui direta ou indiretamente para este problema", lamenta Chin.


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