Apenas com legislação e produção científica convencional a conservação de espécies, como é o caso do palmito, não terá sucesso, afirma Ademir Reis, da UFSC (foto: E.Geraque)

Política da preservação
14 de outubro de 2005

Apenas com legislação e produção científica convencional a conservação de espécies, como é o caso do palmito, não terá sucesso, afirma Ademir Reis, da UFSC, no Congresso Brasileiro de Botânica

Política da preservação

Apenas com legislação e produção científica convencional a conservação de espécies, como é o caso do palmito, não terá sucesso, afirma Ademir Reis, da UFSC, no Congresso Brasileiro de Botânica

14 de outubro de 2005

Apenas com legislação e produção científica convencional a conservação de espécies, como é o caso do palmito, não terá sucesso, afirma Ademir Reis, da UFSC (foto: E.Geraque)

 

Por Eduardo Geraque, de Curitiba

Agência FAPESP - "O palmiteiro (Euterpe edulis) é a espécie nativa do Brasil mais bem conhecida atualmente do ponto de vista científico. E o que isso significou até agora para a conservação da espécie?" A questão foi lançada por Ademir Reis, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que já passou bons anos de sua vida no meio da mata, estudando as palmeiras do Sul e do Sudeste do país.

Melhor que uma resposta direta é apresentar outra frase do cientista, que participa, em Curitiba, do 56º Congresso Brasileiro de Botânica. "Não vejo outra saída. Para que as coisas ocorram, os pesquisadores precisam gerar também, de forma direta, políticas públicas que apóiem a conservação", afirma.

Para ele, não são apenas as pesquisas convencionais que não resolvem o problema. "Legislação também não resolve nada. Da forma como ela está, e isso é provado, nenhum pequeno produtor, por exemplo, consegue sobreviver. As churrascarias de São Paulo se orgulham dos palmitos enormes que vendem aos clientes. Será que existe uma fiscalização correta sobre a origem desse produto?"

Segundo Reis, nenhuma solução será totalmente efetiva se as políticas públicas, feitas com a participação da academia, não levarem em conta as pequenas comunidades. Um dos exemplos práticos, que mostra como a ciência pode se aproximar da sociedade, vem exatamente de Santa Catarina. "O açaí, para alguns produtores do Estado, está se mostrando uma boa perspectiva", aponta. Como as comunidades precisam da palmeira em pé para que o fruto possa ser colhido ao longo dos anos, a preservação passa a ocorrer de forma quase natural.

No caso catarinense, a cultura do açaí, que começou meio por acaso, quando outro pesquisador resolveu trazer uma máquina para processar o fruto do Norte do país, está sendo subsidiada também cientificamente pelos pesquisadores da UFSC. "É fundamental que sejam feitas pesquisas com aplicação prática. Não adianta apenas produzir artigos para publicação em revistas de grande impacto científico do exterior. Isso é importante, claro, mas também temos que ir para as ruas", diz Reis.


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