Polêmicas microscópicas
27 de março de 2006

Ativistas defendem na Convenção sobre Diversidade Biológica, em Curitiba, um debate mais amplo, com a participação da sociedade, sobre possíveis riscos da nanotecnologia

Polêmicas microscópicas

Ativistas defendem na Convenção sobre Diversidade Biológica, em Curitiba, um debate mais amplo, com a participação da sociedade, sobre possíveis riscos da nanotecnologia

27 de março de 2006

 

Por Eduardo Geraque, de Curitiba

Agência FAPESP - O discurso tem tons de terror. Com o microfone em punho, em evento na Oitava Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP 8), em Curitiba, estava o historiador Thomas James, ativista do ETC Group, instituição canadense dedicada à conservação e ao avanço sustentável da diversidade biológica e cultural.

Na apresentação de quase uma hora, novas tecnologias não foram exatamente encaradas com bons olhos. Para James, a nanotecnologia, por exemplo, tornou-se um grande risco para a saúde pública e para o meio ambiente.

Segundo ele, as pequenas partículas, com potencial para, por exemplo, levar remédios até alvos exatos, evitando desperdício e complicações desnecessárias, também podem se transformar e atravessar os órgãos humanos de forma descontrolada.

Por isso, James defende uma atitude mais crítica em relação à nanotecnologia. Mas, segundo ele, isso não implica radicalmente contra as inovações. "Essa não é a nossa mensagem. O que queremos dizer é que sempre há uma ligação forte entre política e novas tecnologias. E acreditamos que questões como essa, dos riscos, precisam ser muito bem discutidas pela sociedade antes de as tecnologias serem implementadas", disse o historiador à Agência FAPESP

No Brasil, grupos de pesquisadores estão reunidos, há quase dois anos, para abordar a nanotecnologia a partir de um prisma mais social. A questão dos riscos é uma das principais levantadas por especialistas como Paulo Roberto Martins, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo.

"De modo geral, não há questionamentos sobre os benefícios que a nanotecnologia pode trazer. Agora, como sabemos também, toda tecnologia vem atrelada a benefícios de um lado e a malefícios de outro. É necessário que, antes de tudo, haja a possibilidade de que os problemas que porventura possam aparecer sejam analisados antes de se tornarem insuperáveis. Dessa forma sobra tempo para que possam ocorrer eventuais correções de rota e mudanças de atitude", disse Martins à Agência FAPESP.

Mais informações sobre a COP 8: www.biodiv.org e www.cdb.gov.br


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