Grupo internacional de cientistas faz comparação entre seqüências do genoma de três espécies de parasitas causadores da leishmaniose e identifica alvos genéticos para o desenvolvimento de futuros tratamentos

Pistas para futuros tratamentos
18 de junho de 2007

Grupo internacional de cientistas faz comparação entre seqüências do genoma de três espécies de parasitas causadores da leishmaniose e identifica alvos genéticos para o desenvolvimento de futuros tratamentos

Pistas para futuros tratamentos

Grupo internacional de cientistas faz comparação entre seqüências do genoma de três espécies de parasitas causadores da leishmaniose e identifica alvos genéticos para o desenvolvimento de futuros tratamentos

18 de junho de 2007

Grupo internacional de cientistas faz comparação entre seqüências do genoma de três espécies de parasitas causadores da leishmaniose e identifica alvos genéticos para o desenvolvimento de futuros tratamentos

 

Agência FAPESP – Fazendo uma comparação entre três espécies de parasitas que causam a leishmaniose, um grupo internacional de pesquisadores identificou um pequeno número de genes que poderão ajudar a indicar alvos para novos tratamentos. A leishmaniose é uma doença que afeta cerca de 2 milhões de pessoas a cada ano e ameaça um quinto da população mundial.

Em artigo publicado no último domingo (17/6) na revista Nature Genetics, os pesquisadores compararam os genomas da Leishmania infantum e da Leishmania braziliensis, que causam, respectivamente, a leishmaniose visceral e a monocutânea – formas que podem causar a morte –, com a seqüência genômica, produzida em 2005, da Leishmania major, que causa a forma cutânea da doença, menos severa.

Apesar das grandes diferenças entre os tipos de doença, apenas 200 dos mais de 8 mil genes de cada genoma apresentaram distribuição diferenciada entre as três espécies. Essa variação excepcionalmente pequena no conteúdo genético proporcionou aos cientistas novas hipóteses sobre os processos que determinam a severidade da doença em humanos.

"Identificar fatores que permitem uma manifestação clínica muito diferente para três organismos tão semelhantes é uma busca importante. Nesse estudo nós enfocamos a busca de alguns desses fatores que possam ser estudados de forma realista", disse o autor principal do estudo, Matt Berriman, do Instituto Wellcome Trust Sanger.

Os pesquisadores encontraram apenas cinco genes do genoma da Leishmania major que estavam completamente ausentes nas outras duas espécies. Em contraste, no Plasmodium, que causa a malária, cerca de 20% dos genes diferem entre espécies semelhantes.

"É evidente que deve ter havido uma pressão evolucionária considerável no decorrer do tempo para manter a estrutura e a seqüência dos genomas de Leishmania. O grau de similaridade entre as espécies foi algo inesperado", explicou uma das autoras do projeto, Deborah Smith, da Universidade de York.

"Talvez apenas poucos genes dos parasitas sejam importantes para determinar que tipo de doença se desenvolve depois da infecção. É possível que o genoma do hospedeiro tenha um papel mais importante na manifestação clínica da doença", declarou.

A leishmaniose é uma das doenças consideradas negligenciadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que destaca a necessidade do desenvolvimento de novos tratamentos. Faltam estudos biológicos sobre a função de metade dos genes da Leishmania, por isso o estudo comparativo de genomas fornece um caminho para descobrir aqueles que são essenciais para cada espécie.

Um alvo potencial é o gene CFAS, que codifica uma enzima envolvida na produção de componentes da membrana celular. O CFAS está presente nos genomas da Leishmania braziliensis e da Leishmania infantum, mas está ausente no genoma humano. Acredita-se que os genes do parasita tenham sido adquiridos de espécies bacterianas que têm seqüências muito similares.

"O CFAS está envolvido com a virulência e a persistência no Mycobacterium, agente causador da tuberculose, portanto, a identificação deste gene na Leishmania levanta a possibilidade de que alguns fatores de virulência sejam conservados entre patógenos intracelulares bacterianos e eucarióticos", disse Jeremy Mottram, colaborador do projeto que leciona na Universidade de Glasgow, na Escócia.

A Leishmania braziliensis contém genes que poderiam fornecer um caminho para o RNAi, um mecanismo de regulação genética. As seqüências do genoma mostram que componentes para esse caminho estão ausentes das outras duas espécies. O uso do RNAi, experimentalmente induzido para "desligar" a atividade genética que precede a infecção do hospedeiro, pode servir como uma ferramenta para entender o papel de vários genes cuja função é desconhecida.

"Além da função relativa à diferença dos quadros clínicos, o número limitado de genes específicos para cada espécie poderá levar a uma identificação mais rápida de seqüências envolvidas em aspectos especializados da biologia da Leishmania, disse outro pesquisador, David Sacks, diretor do Instituto de Alergias e Doenças Infecciosas de Bethesda, nos Estados Unidos.

Cerca de 350 milhões de pessoas em 88 países de quatro continentes estão submetidas ao riscos de leishmaniose. A incidência da doença cresceu consideravelmente nos últimos dez anos. Ela é transmitida pela picada de várias espécies de insetos: animais domésticos e selvagens, além do homem, servem como hospedeiros da doença.


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