Kofi Annan e Geraldo Alckmin trocam cumprimentos observados por dona Marisa e o presidente Lula (foto: Unctad)
Na abertura da 11ª Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento, em São Paulo, o presidente Lula propõe a criação de um "centro irradiador de projetos e políticas inovadoras no combate à fome, à pobreza e aos gargalos do desenvolvimento"
Na abertura da 11ª Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento, em São Paulo, o presidente Lula propõe a criação de um "centro irradiador de projetos e políticas inovadoras no combate à fome, à pobreza e aos gargalos do desenvolvimento"
Kofi Annan e Geraldo Alckmin trocam cumprimentos observados por dona Marisa e o presidente Lula (foto: Unctad)
Agência FAPESP - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs, na abertura da 11ª Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), na segunda-feira (14/6), a criação de um "centro internacional de políticas para o financiamento do desenvolvimento", que levaria o nome do economista Celso Furtado, homenageado no evento que ocorre no Palácio de Convenções do Anhembi, em São Paulo, até sexta-feira.
"Cada ciclo histórico tem sua usina intelectual de referência estratégica. Desejamos que seja criado um centro irradiador de projetos e políticas inovadoras no combate à fome, à pobreza e aos gargalos do desenvolvimento. Meu governo está disposto a prestar todo o apoio para construir uma fundação internacional de estudos e pesquisas com esses propósitos. Ajudaremos, com isso, a construir uma nova agenda para o desenvolvimento em face dos desafios da globalização", disse Lula.
Segundo o presidente, globalização não é sinônimo de desenvolvimento, "mas pode ser um instrumento, desde que os seus benefícios possam ser repartidos por todos". Para Lula, a eliminação da fome, a redução da pobreza e a promoção do desenvolvimento sustentável devem ser uma preocupação de todos os países, "inclusive dos mais ricos".
"Este é o momento oportuno para a criação do que o presidente Lula chamou de ‘uma nova geografia comercial global’", disse o secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan. "O mundo tem o que é preciso para melhorar os padrões de vida de todas as pessoas. Temos anos de experiência que nos ensinaram o que funciona e o que não funciona. Temos novas tecnologias que protegem o meio ambiente e espalham a riqueza de informações. Temos o início de uma recuperação da economia mundial, mas o que não temos, o que precisamos, é de coerência, que é exatamente o assunto principal dessa conferência."
O secretário geral da ONU cumprimentou o brasileiro Rubens Ricupero pelo trabalho feito na Unctad, que dirige há nove anos, e pediu um minuto de silêncio em homenagem a Sérgio Vieira de Mello, Alto Comissário de Direitos Humanos da organização, morto em atentado terrorista no Iraque em agosto de 2003.
Globalização e paz
Desde 1964, quando foi criada, a Unctad é o órgão da ONU que tem como objetivo acelerar o desenvolvimento e o crescimento econômico, particularmente nos países mais pobres. Para coordenar suas ações, a Unctad se reúne a cada quatro anos. Como a última vez foi em Bangcoc, na Tailândia, o primeiro-ministro do país, Thaksin Shinawatra, também participou das declarações de abertura.
O primeiro-ministro tailandês fez um discurso duro, no qual afirmou que o sonho da paz e da prosperidade global está cada vez mais distante. "A globalização, que já foi a esperança de muitos, está sendo ameaçada pelos descontentes pelas suas falhas em levar a um mundo mais justo. Precisamos de uma nova mentalidade e de um novo gerenciamento para vermos uma globalização com uma face mais humana", disse. "Espero que a 11ª Unctad ajude a criar um palco no qual os países do mundo, ricos ou pobres, possam traçar um futuro mais responsável para nossos filhos."
A 11ª Unctad é dedicada ao tema das relações entre estratégias nacionais de desenvolvimento e processos econômicos globais. Há quatro módulos de discussão: estratégias de desenvolvimento numa economia globalizada; construção de capacidade produtiva e competitividade internacional; ganhos de desenvolvimento a partir de negociações comerciais internacionais; e parcerias para o desenvolvimento.
A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, e o governador do Estado, Geraldo Alckmin, fizeram os discursos de boas vindas aos chefes de Estado, ministros e representantes da sociedade civil de 192 países presentes no Anhembi. Para Marta, a realização do evento na capital paulista representa "uma justa homenagem à atuação do governo Lula" na área social.
O governador pediu que as nações menos ricas sejam mais ativas. "Cabe aos países em desenvolvimento a adoção de políticas mais adequadas à inserção deles nos mercados internacionais", disse. Segundo Alckmin, a inovação tecnológica é um instrumento fundamental para o aumento de produtividade e a inserção global das economias menos favorecidas. "Desenvolvimento é o novo nome da paz", declarou.
A mesa de abertura da 11ª Unctad contou também com a presença do presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e do presidente da Assembléia Geral da ONU, Julian Hunte.
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