Materiais serão objeto de pesquisa em instituições no Brasil e na Europa nos próximos dez anos, destaca último episódio da série jornalística Diário de Bordo (imagem: reprodução)

Pesquisadores coletam 442 metros de sedimentos marinhos durante expedição científica Amaryllis
14 de julho de 2023

Materiais serão objeto de pesquisa em instituições no Brasil e na Europa nos próximos dez anos, destaca último episódio da série jornalística Diário de Bordo

Pesquisadores coletam 442 metros de sedimentos marinhos durante expedição científica Amaryllis

Materiais serão objeto de pesquisa em instituições no Brasil e na Europa nos próximos dez anos, destaca último episódio da série jornalística Diário de Bordo

14 de julho de 2023

Materiais serão objeto de pesquisa em instituições no Brasil e na Europa nos próximos dez anos, destaca último episódio da série jornalística Diário de Bordo (imagem: reprodução)

 

Elton Alisson, de Recife* | Agência FAPESP – Terminou na manhã do dia 2 de julho, em Recife (PE), a expedição científica Amaryllis. Com custo estimado em mais de R$ 5 milhões, a missão estava prevista para acontecer em 2019 e teve de ser adiada para este ano em razão da pandemia de COVID-19.

Durante 21 dias, o navio Marion Dufresne navegou mais de 5 mil quilômetros – quase mil quilômetros além da distância em linha reta entre o Oiapoque, no Amapá, e o Chuí, no Rio Grande do Sul.

Ao todo, foram coletados 442 metros de sedimentos marinhos – mais de cem metros acima da altura da torre Eiffel, em Paris, que mede 300 metros. O testemunho sedimentar mais longo tem 51 metros – quase a altura de um prédio de 18 andares.

Metade das amostras de sedimentos seguirá para a França, para universidades e instituições de pesquisa do país, e a outra parte ficará no Brasil, na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP), como revela o último episódio da série jornalística Diário de Bordo, publicado hoje (14/07) pela Agência FAPESP.

Os sedimentos marinhos seguirão viagem para os destinos programados em contêineres refrigerados, com temperatura de 4 ºC. Essa medida é necessária para manter as amostras de sedimentos sob a mesma temperatura do oceano profundo, de mais ou menos 4 ºC.

Sob temperaturas mais altas, os microrganismos presentes nos sedimentos e no ar começam a se desenvolver de forma mais intensa e passam a se alimentar e a processar a matéria orgânica presente no material, alterando as informações paleoambientais registradas nos sedimentos. Ao manter a temperatura do sedimento em mais ou menos 4 ºC é possível assegurar as condições originais e a atividade metabólica dos microrganismos, de modo a não comprometer os resultados das análises.

As amostras de sedimentos serão objeto de pesquisa de estudantes de mestrado, doutorado e pós-doutorado e pesquisadores vinculados a universidades e instituições de pesquisa no Brasil e na Europa nos próximos dez anos. A partir dessas análises, a pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Marília de Carvalho Campos Garcia pretende avançar no entendimento sobre como o sistema climático do Atlântico Sul se comportou em uma época em que a temperatura do planeta estava 2 ºC mais alta, há 400 mil anos. O projeto é apoiado pela FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Projeto Geração.

Já o professor do Instituto de Geociências da USP Dailson José Bertassoli Junior planeja utilizar as amostras de sedimentos coletadas para avaliar a variabilidade das emissões de metano provenientes das planícies de inundação do rio Amazonas e verificar o efeito dessa variabilidade na concentração global desse gás de efeito estufa ao longo dos últimos 10 mil anos. O projeto também é apoiado pela FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Projeto Geração.

A sensação dos coordenadores da expedição é de dever mais do que cumprido, uma vez que a recuperação dos sedimentos foi muito além do esperado, totalizando quase 14 toneladas.

A série completa pode ser acessada em: agencia.fapesp.br/diario-de-bordo.

* O repórter viajou a convite do Centro Nacional de Pesquisa (CNRS) da França.
 

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