Bolsista da FAPESP realiza estudos sobre atividade física em pacientes com artrite reumatoide. Homenagem é concedida pela Sedentary Behaviour Research Network, do Canadá (foto: tookapic/Pixabay)
Bolsista da FAPESP realiza estudos sobre atividade física em pacientes com artrite reumatoide. Homenagem é concedida pela Sedentary Behaviour Research Network, do Canadá
Bolsista da FAPESP realiza estudos sobre atividade física em pacientes com artrite reumatoide. Homenagem é concedida pela Sedentary Behaviour Research Network, do Canadá
Bolsista da FAPESP realiza estudos sobre atividade física em pacientes com artrite reumatoide. Homenagem é concedida pela Sedentary Behaviour Research Network, do Canadá (foto: tookapic/Pixabay)
Felipe Maeda | Agência FAPESP – A doutoranda Ana Jéssica Pinto, da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP), recebeu neste mês o prêmio da Sedentary Behaviour Research Network (SBRN, Canadá), na categoria Aluno/Trainee.
Essa foi a primeira edição do prêmio, que tem o objetivo de reconhecer estudantes e jovens pesquisadores pela dedicação, compromisso e contribuições importantes para a área do comportamento sedentário.
A doutoranda é bolsista da FAPESP e realiza pesquisa vinculada ao Projeto Temático, coordenado pelo professor Bruno Gualano, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP (FM-USP).
O tema central da pesquisa da bolsista é o comportamento sedentário associado a atividades realizadas na posição sentada ou deitada por um indivíduo acordado. “Comportamento sedentário, no sentido de ficar muito tempo sentado, não é o mesmo que inatividade física, entendida como pouca atividade física”, explica à Agência FAPESP.
O comportamento sedentário é o mais prevalente no dia a dia das pessoas, equivalendo a mais de 50% do tempo em que elas estão acordadas. Estudos recentes demonstram que um tempo elevado de sedentarismo se associa ao risco e à prevalência de várias doenças crônicas e mortalidade, ela sublinha.
Jéssica Pinto integra o grupo de pesquisa do Laboratório de Avaliação e Condicionamento em Reumatologia do Hospital das Clínicas da FM-USP, que realiza, atualmente, oito estudos dentro dessa temática. O objetivo central é investigar os efeitos da redução do tempo sedentário em pacientes com artrite reumatoide, pós-cirurgia bariátrica, com comprometimento cognitivo leve e com lúpus eritematoso sistêmico.
Recentemente, o grupo finalizou a coleta de dados do estudo em pacientes com artrite reumatoide, doença inflamatória crônica autoimune que afeta as membranas sinoviais – uma fina camada de tecido conjuntivo – de múltiplas articulações, como mãos, punhos, cotovelos, joelhos, tornozelos, pés, ombros, coluna cervical, além de afetar órgãos internos, como pulmões, coração e rins, dos indivíduos geneticamente predispostos.
“Nesse estudo, 15 pacientes compareceram ao nosso laboratório em três ocasiões separadas e realizaram três experimentos diferentes: primeiro permaneceram sentados por oito horas, depois fizeram 30 minutos de caminhada moderada. Posteriormente, permaneceram sentados por sete horas e 30 minutos. Por último, realizaram três minutos de caminhada leve a cada 30 minutos na posição sentada”, descreve a doutoranda.
A pesquisa constatou que a redução aguda do tempo sedentário parece melhorar as respostas de glicose, insulina e peptídeo C após uma refeição, em comparação com uma pessoa que permanece na posição sentada por oito horas.
“Cabe destacar que o exercício físico moderado promoveu essa melhora apenas no período da manhã, não sendo suficiente para combater os malefícios do sedentarismo excessivo. Além disso, tanto o exercício como a redução do tempo sedentário foram capazes de reduzir as respostas da citocina IL-6, um marcador de inflamação sistêmica”, acrescenta Jéssica Pinto.
A próxima etapa do trabalho é identificar se essas alterações serão traduzidas em adaptações crônicas. O estudo crônico com esses pacientes está em andamento e os métodos foram publicados em artigo na revista científica Trials.
Inatividade física durante a pandemia
O grupo de pesquisa também avaliou os efeitos das medidas de distanciamento social da pandemia da COVID-19 no nível de atividade física dos pacientes com artrite reumatoide.
“Observamos um aumento significante do tempo sedentário prolongado durante a pandemia, associado a uma redução do tempo em atividade física leve e moderada a vigorosa nesses pacientes. Vários estudos demonstram que esse padrão de nível de atividade física apresentado pelos pacientes está associado a um maior risco cardiovascular, o que reforça a necessidade de estratégias para atenuar os efeitos adversos do sedentarismo e inatividade física em pacientes”, explica Jéssica Pinto.
Os resultados dessa etapa da pesquisa estão em revisão para publicação em uma revista científica. Jéssica Pinto e o professor Gualano publicaram recentemente um artigo na revista Nature Reviews Rheumatology, que incentiva a promoção de estratégias para combater a inatividade física e o sedentarismo em pacientes com doenças reumáticas durante a pandemia. O artigo também conta com um guia prático contendo dicas simples para manter esses pacientes mais ativos mesmo durante o distanciamento social.
“Pretendemos ampliar nossas investigações para diversas populações saudáveis e com problemas de saúde, além de desvendar mecanismos associados aos efeitos adversos provocados pelo sedentarismo na saúde geral e na qualidade de vida. Esperamos que os nossos achados possam contribuir para as políticas de saúde pública na área de promoção de estilo de vida saudável.”
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