Pesquisadora defende novo modelo para desenvolver o Nordeste
17 de julho de 2003

Lúcia Carvalho Pinto de Melo, da Fundação Joaquim Nabuco, diz que é preciso construir a descentralização a partir da inclusão

Pesquisadora defende novo modelo para desenvolver o Nordeste

Lúcia Carvalho Pinto de Melo, da Fundação Joaquim Nabuco, diz que é preciso construir a descentralização a partir da inclusão

17 de julho de 2003

 

Por André Muggiati, do Recife

Agência FAPESP - As regiões menos desenvolvidas têm mais necessidades de recursos para Ciência e Tecnologia e menos condições de absorvê-los, devido a limitações de infra-estrutura e qualificação de mão de obra.

Chamado de "paradoxo da inovação regional", este dilema só poderá ser resolvido com a adoção de políticas integradas de desenvolvimento que considerem uma multiplicidade de fatores e a insersão da região no contexto nacional e mundial. A afirmação foi feita por Lúcia Carvalho Pinto de Melo, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), em conferência na quinta-feira (17/7), durante a 55ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Em sua apresentação, focada na questão do desenvolvimento do Nordeste brasileiro, Lúcia não poupou críticas às políticas que vêm sendo anunciadas para a região. "A política de Ciência e Tecnologia deve ser um instrumento de modernização econômica e social com visão do futuro. Não basta ter um Instituto do Semi-Árido", disse.

Para ela, não é suficiente identificar um problema e apresentar soluções pontuais. É preciso ver a região em todas as suas dimensões. "A desconcentração deve ser o resultado de políticas públicas adequadas, que levem em consideração todas as diversidades e os desafios. É preciso construir a descentralização a partir da inclusão", afirmou.

Lúcia apresentou dados demonstrando que o fenômeno da concentração da ciência não é exclusividade do Brasil. Nos Estados Unidos, de acordo com ela, os 20 estados mais desenvolvidos concentram 87% da produção científica, enquanto os 20 menos têm apenas 4%.

"Os outros países também estão buscando soluções para o problema e ainda não há uma resposta definitiva", disse.

A pesquisadora da Fundaj também apresentou algumas propostas para o caso do Nordeste. Para ela, não deve ser adotado um modelo simples, linear, pois há muitas variáveis.

Entre suas sugestões, está explorar os espaços de complementaridade para realizar parcerias. A recriação da Sudene, em sua opinião, também oferece oportunidade de adoção de um novo modelo de desenvolvimento. Para Lúcia, a Sudene poderia articular e fomentar a cooperação das forças sociais.


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