A importante premiação é um reconhecimento das contribuições de Daniel Mario Ugarte ao estudo e desenvolvimento de nanomateriais (foto: Unicamp)
A importante premiação é um reconhecimento das contribuições de Daniel Mario Ugarte ao estudo e desenvolvimento de nanomateriais
A importante premiação é um reconhecimento das contribuições de Daniel Mario Ugarte ao estudo e desenvolvimento de nanomateriais
A importante premiação é um reconhecimento das contribuições de Daniel Mario Ugarte ao estudo e desenvolvimento de nanomateriais (foto: Unicamp)
José Tadeu Arantes | Agência FAPESP – Daniel Mario Ugarte, professor titular do Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (IFGW – Unicamp), foi contemplado com o Prêmio de Física 2018 da The World Academy of Sciences (TWAS).
Ugarte é o segundo pesquisador da Unicamp a obter essa importante premiação na área de Física. O primeiro foi César Lattes (1924-2005), em 1987. O argentino, residente no Brasil, receberá US$ 15 mil e medalha durante a 28ª Conferência Geral da TWAS, que ocorrerá de 27 a 29 de novembro na sede da instituição, em Trieste, Itália.
Graduado em Física na Universidad Nacional de Córdoba, na Argentina, em 1985, Ugarte concluiu o doutorado na Université Paris-Sud, na França, e o pós-doutorado na École Polytechnique Fédérale de Lausanne, na Suíça. Em 1993, ingressou no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, em Campinas, onde iniciou o Laboratório de Microscopia Eletrônica, em 1999. Em 2004, deixou o LNLS para assumir o cargo de professor titular na Unicamp. Em 2012, foi eleito membro da Academia Brasileira de Ciências.
Com pesquisa experimental focada nas propriedades estruturais e eletrônicas de sistemas em nanoescala, principalmente por meio de microscopia eletrônica, Ugarte publicou cerca de 110 artigos em periódicos internacionais de alto impacto – entre eles, Nature, Science e Physical Review Letters – e recebeu em torno de 16 mil citações. Além do TWAS, seu rol de prêmios inclui o Latsis (Suíça, 1994) e o Guggenheim Fellowship (Estados Unidos, 2002).
“Iniciei minha carreira, no início dos anos 1990, estudando sistemas pequenos, em uma época em que o termo ‘nano’ ainda não havia se estabelecido. Tanto meu doutorado quanto o pós-doutorado foram realizados em laboratórios pioneiros em pesquisa e desenvolvimento no campo da microscopia eletrônica. Até por ingenuidade, realizei experimentos não-rotineiros e bastante desafiadores, que proporcionaram novos entendimentos, especialmente na área de nanoestruturas de carbono. Por exemplo, descobri que estruturas grafíticas quase esféricas, semelhantes a cebolas, se formam espontaneamente sob intensa irradiação eletrônica; isso acrescentou um novo membro à família de materiais relacionados ao fulereno”, disse o pesquisador à Agência FAPESP.
Ugarte também analisou as respostas mecânicas produzidas por sistemas compostos por carbono e nanotubos de carbono. E explorou o pequeno tamanho dos nanotubos de carbono para fabricar um canhão de elétrons com base no efeito de emissão de campo. Devido ao seu potencial de utilização em painéis de telas planas, essa descoberta motivou um enorme esforço de pesquisa e desenvolvimento na comunidade científica e tecnológica, incluindo vários laboratórios industriais.
“Meu grupo brasileiro fez contribuições muito importantes no campo da condutância quântica, explorando as respostas de nanofios metálicos gerados por alongamentos mecânicos. Combinando transporte eletrônico preciso e registros em vídeo com resolução atômica, desenvolvemos uma nova abordagem para analisar e prever o comportamento da condutância”, disse.
Em acréscimo à sua atividade pessoal de pesquisa, Ugarte destacou-se também como mentor e coordenador de grupos multidisciplinares, empenhando-se na criação de laboratórios, no desenvolvimento de instrumentação, na gestão de equipes e na formação de recursos humanos. A Rede de Nanomateriais, que coordenou, reuniu 150 pesquisadores de 23 instituições diferentes. E o Laboratório de Microscopia Eletrônica do LNLS, que criou, tornou-se um centro de referência e vanguarda.
“Para levar nossa instrumentação ao nível da vanguarda internacional, dedicamos vários anos ao projeto e construção de um edifício com altas especificações em termos de nível de vibração e campo magnético, com vista a corrigir a aberração dos microscópios. Isto no contexto de um país em desenvolvimento, no qual os programas de pesquisa dificilmente podem se dar ao luxo de contratar empresas de engenharia de primeira linha”, disse Ugarte.
O Prêmio TWAS é um reconhecimento de toda essa trajetória. Com sua base em Trieste, Itália, a The World Academy of Sciences foi criada em 1983 por um grupo de destacados cientistas, sob a liderança do paquistanês Abdus Salam (1926-1996).
Salam, um nome referencial da ciência no século 20, recebeu o Prêmio Nobel de Física de 1979, juntamente com Steven Weinberg e Sheldon Glashow, por sua contribuição à teoria da unificação eletrofraca, que reúne, em um mesmo arcabouço teórico, as interações eletromagnética e nuclear fraca, e constitui peça-chave do chamado “Modelo-Padrão da Física de Partículas”. Engajado na promoção da ciência nos países em desenvolvimento, o paquistanês criou a TWAS para apoiar iniciativas de vanguarda nos campos da pesquisa, da educação, da política e da diplomacia.
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