Dos profissionais, 92% são do sexo masculino e 67% trabalham em quatro estados do Sudeste e do Sul (foto: Wikimedia)
Dos profissionais, 92% são do sexo masculino e 67% trabalham em quatro estados do Sudeste e do Sul
Dos profissionais, 92% são do sexo masculino e 67% trabalham em quatro estados do Sudeste e do Sul
Dos profissionais, 92% são do sexo masculino e 67% trabalham em quatro estados do Sudeste e do Sul (foto: Wikimedia)
Por Fernanda Ziegler - Agência FAPESP – Embora o Brasil esteja dentro da média considerada adequada (conforme citado na literatura médica) de um cirurgião torácico para cada 250 mil habitantes, a maioria desses profissionais (67%) está concentrada em quatro Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, responsáveis pela formação de 88% dos médicos com essa especialidade.
A média de idade desses profissionais é de 45 anos e apenas 8% dos cirurgiões torácicos brasileiros são do sexo feminino; 60% cursaram escolas públicas e foram capacitados, em geral, em hospitais públicos.
Os dados são da pesquisa “Cirurgia Torácica no Brasil: Formação, Migração e Atuação do Cirurgião Torácico Brasileiro”, coordenada por Miguel Tedde, cirurgião torácico do Instituto do Coração (InCor) e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica (SBCT), realizada com apoio da FAPESP, em parceria com a SBCT, o InCor e a Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
“A grande conclusão [da sondagem] é que temos um processo de distribuição [de profissionais] muito ruim. A pesquisa confirmou o que intuitivamente já sabíamos. Agora temos informações, desde o local de nascimento até onde o cirurgião torácico trabalha”, afirmou Tedde.
“Sabemos a migração que ele fez e, assim, conseguimos ter mais ou menos um painel que não existia. Com base nessas informações, dá para fazer planos”, disse.
O estudo foi realizado a partir de um questionário enviado por e-mail a mais de 500 cirurgiões torácicos em todo o país (primordialmente sócios da SBCT). De acordo com o médico, a adesão à pesquisa foi de 82%.
Com a resposta de 468 profissionais foi possível montar uma tabela contendo informações como local de nascimento do médico, local da graduação, da residência em cirurgia geral, da especialização em cirurgia torácica e local de trabalho.
A formação de um cirurgião torácico leva quatro anos, sem contar o tempo da graduação em Medicina. Além de residência em Cirurgia Geral, é preciso fazer residência em Cirurgia Torácica para se obter o título de especialista, afirmou o cirurgião.
A pesquisa coordenada por Tedde verificou que somente 11 das 27 unidades da Federação registram a média adequada de médicos com essa especialidade – dedicados ao diagnóstico e ao tratamento de uma série de doenças que acometem a região do tórax –, realizando desde operações de grande porte (como a remoção de um pulmão comprometido por um tumor) até procedimentos menos complexos, como o tratamento cirúrgico da hiperidrose (suor excessivo). São elas: Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina e São Paulo.
No Acre, em Alagoas e no Amapá, por exemplo, a pesquisa registrou apenas um cirurgião torácico em cada um dos estados. Em Sergipe, não foi identificado nenhum profissional com essa especialidade. O pesquisador ressaltou, no entanto, que, embora a adesão dos profissionais à pesquisa tenha sido alta, a sondagem fornece apenas uma estimativa sobre o cenário dos cirurgiões torácicos no Brasil.
Investimento pouco aproveitado
Os resultados mostram que apenas um terço deles – mais precisamente, 149 – trabalha exclusivamente com cirurgia torácica.
Dos que exercem outras práticas, 106 ocupam quase 30% do seu tempo em cirurgia geral, 33 passam 30% do tempo em cirurgia cardíaca e 24 ocupam 20% do tempo em terapia intensiva. “Uma minoria trabalha especificamente para aquilo que foi treinado. É um investimento muito grande em treinamento e eles são pouco aproveitados”, disse Tedde.
De acordo com Tedde, “a literatura médica mostra que o médico tende a se fixar onde estudou ou fez sua formação”. Assim, acredita, a abertura de grande número de novas faculdades de Medicina não resolverá o problema da falta de especialistas, porque as novas escolas não estão necessariamente em locais onde faltam médicos.
No ano passado formaram-se 29 novos profissionais em residências de cirurgia torácica reconhecidas no Brasil.
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