Estudo publicado na The Lancet mostra que o filme Super size me estava certo em alertar para os perigos do fast-food (na foto, o diretor Morgan Spurlock)

Perigos do hambúrguer com fritas
04 de janeiro de 2005

Cientistas norte-americanos acompanharam mais de 3.000 pessoas durante 15 anos e concluíram que ir mais de duas vezes por semana a restaurantes fast-food contribui grandemente para problemas como obesidade e diabetes

Perigos do hambúrguer com fritas

Cientistas norte-americanos acompanharam mais de 3.000 pessoas durante 15 anos e concluíram que ir mais de duas vezes por semana a restaurantes fast-food contribui grandemente para problemas como obesidade e diabetes

04 de janeiro de 2005

Estudo publicado na The Lancet mostra que o filme Super size me estava certo em alertar para os perigos do fast-food (na foto, o diretor Morgan Spurlock)

 

Agência FAPESP - Para verificar os efeitos de uma dieta baseada em fast-food, o norte-americano Morgan Spurlock decidiu passar um mês se alimentando exclusivamente de hambúrgueres, batatas fritas e refrigerantes – de preferência com as maiores porções disponíveis no cardápio. O resultado foram 11 quilos a mais, aumento do colesterol e sintomas variados como náuseas e fraqueza. A gordurosa saga foi registrada em Super size me - A dieta do palhaço (2004), filme que divertiu ao mesmo tempo em que chocou platéias em todo o mundo.

Mas se as redes de fast-food e seus adeptos podem alegar que a experiência de Spurlock nada tinha de científico, o mesmo não pode ser dito de outra que acaba de ser divulgada. Um estudo feito por pesquisadores de diversas instituições norte-americanas, publicado na edição de 1º de janeiro da revista médica The Lancet, mostra de forma categórica que tal dieta realmente faz mal à saúde.

A pesquisa, financiada pelo Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue dos Estados Unidos (NHLBI), acompanhou desde 1985 mais de 3.000 pessoas, que tinham entre 18 e 30 anos na época. Diversos problemas foram encontrados, sendo que os mais graves são a obesidade e o maior risco de contrair diabetes.

O estudo Desenvolvimento do Risco Arterial Coronário em Jovens Adultos (Cardia, na sigla em inglês) verificou que aqueles com alimentação freqüente em restaurantes de fast-food – mais de duas vezes por semana – tiverem um aumento de peso de, em média, 4,5 quilos a mais do que os que costumavam ir menos de uma vez por semana. Outro ponto negativo foi o aumento em duas vezes na resistência à insulina.

O ponto de partida para o trabalho científico foi o crescimento da obesidade nos Estados Unidos. Entre 1988 e 1994, 23% dos habitantes do país podiam ser caracterizados como clinicamente obesos. Em 1999, o total havia saltado para 30%.

Segundo o estudo, problemas causados pela obesidade levam, anualmente, a cerca de 300 mil mortes, além de gastos estimados em US$ 100 bilhões para o sistema de saúde do país. Apesar da dimensão do problema, ainda não havia sido feito um estudo aprofundado dos efeitos de uma dieta do gênero.

"Também levamos em conta fatores como fumo, ingestão de álcool e atividades físicas, mas concluímos que os aumentos de peso e da resistência à insulina pela ingestão de fast-food ocorreram de forma independente do estilo de vida dos voluntários", afirmou David Ludwig, diretor do Programa de Obesidade do Hospital Infantil de Boston, em comunicado da Universidade de Minnesota.

A pesquisa identificou ainda que os homens freqüentam mais restaurantes de fast-food do que as mulheres. O mesmo ocorreu com as pessoas negras em relação às brancas. Entre 2000 e 2001, enquanto mulheres brancas visitaram em média 1,3 vez por semana tais estabelecimentos, homens negros estiveram nesses locais 2,3 vezes.

O estudo Fast-food habits, weight gain, and insulin resistance (the Cardia study): 15-year prospective analysis pode ser lido no site da The Lancet, em www.thelancet.com.

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