Estudo feito em São Paulo mostra que ruídos provocados por aparelhos e conversas entre funcionários de hospitais e parentes dos pacientes internados podem aumentar a sensação de dor e dificultar a reabilitação
Estudo feito em São Paulo mostra que ruídos provocados por aparelhos e conversas entre funcionários de hospitais e parentes dos pacientes internados podem aumentar a sensação de dor e dificultar a reabilitação
Agência FAPESP - Uma pesquisa apresentada na Escola Paulista de Medicina (EPM) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) analisou os níveis de ruído em uma unidade de terapia intensiva na capital paulista. A conclusão é alarmante: o silêncio exigido pelos hospitais nem sempre é respeitado, o que pode dificultar a reabilitação dos pacientes.
O estudo encontrou níveis de ruído muito acima dos valores desejáveis. De acordo com a autora, a médica otorrinolaringologista Raquel Paganini Pereira, os dados apontaram um nível de ruído médio de 65,36 decibéis. O índice recomendado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para um ambiente hospitalar ser considerado tranqüilo deve estar entre 35 e 45 decibéis.
"Os níveis de ruídos encontrados são comparáveis com o barulho de um escritório comum. Esse índice elevado acaba retardando a recuperação do paciente, pois o ruído pode aumentar a sensibilidade à dor e aumentar os batimentos cardíacos do paciente", disse à Agência FAPESP a pesquisadora, que fez o estudo como dissertação de mestrado.
As medições foram feitas nos períodos da manhã, tarde e noite, entre setembro de 2001 e junho de 2002. A dissertação "Exposição sonora ambiental em uma unidade de terapia intensiva geral", apresentada no departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Unifesp, foi orientada pelo professor de otorrinolaringologia Arnaldo Guilherme.
"Além disso, o acréscimo de cada 3 decibéis equivale a dobrar a escala sonora subjetiva. Se o permitido pela ABNT é de no máximo 45 decibéis, quando este índice chega a 48 decibéis, por exemplo, os pacientes certamente têm a sensação de que o ambiente possui o dobro da energia sonora", explica.
Segundo Raquel, a principal causa do barulho verificada foi a conversa entre os médicos, enfermeiros e familiares dos doentes. "Porém, além do ruído causado pelas pessoas, podemos considerar também os ruídos dos equipamentos, telefones e ventiladores. Trata-se de um grave problema de saúde pública que precisa ser reduzido, sob pena de causar sérios riscos fisiológicos e psicológicos aos pacientes ", afirma.
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