Foto: Noaa

Perigo à mesa
13 de janeiro de 2004

Pesquisa realizada nos Estados Unidos, com exemplares da América do Norte, América do Sul e da Europa, descobre que salmões criados em cativeiro apresentam concentrações de poluentes até dez vezes maiores do que salmões que crescem livremente

Perigo à mesa

Pesquisa realizada nos Estados Unidos, com exemplares da América do Norte, América do Sul e da Europa, descobre que salmões criados em cativeiro apresentam concentrações de poluentes até dez vezes maiores do que salmões que crescem livremente

13 de janeiro de 2004

Foto: Noaa

 

Agência FAPESP - Consumir salmão criado em cativeiro representa um risco a saúde maior do que a ingestão de exemplares que crescem livremente. Pesquisadores norte-americanos verificaram que concentrações de poluentes como toxafeno, dieldrina ou dioxinas são até dez vezes maiores em salmões cultivados.

Os cientistas analisaram mais de duas toneladas de salmões, tanto selvagens como criados em cativeiro, da América do Norte, América do Sul e Europa. Todos os exemplares foram analisados por espectometria de massa de alta resolução.

Dos testes realizados para 14 poluentes, 13 foram observados em concentrações maiores nos salmões cultivados. Além disso, todas as 14 substâncias químicas apresentaram-se em maior incidência nos exemplares da América do Norte, em relação aos da Europa e da América do Sul.

"O estudo sugere que as rações utilizadas na alimentação do salmão criado em fazendas, baseado em produtos a base de peixe, são a fonte dos contaminantes", disse Barbara A. Knuth, da Universidade de Cornell, e uma das autoras da pesquisa. Os resultados do estudo foram publicados na edição de 9 de janeiro da revista Science.

Apesar de algumas das substâncias encontradas, como os pesticidas toxafeno e a dieldrina, terem seu uso proibido há tempos na maioria dos países, eles permanecem no meio-ambiente por longos períodos. Os poluentes acumulam-se na gordura do salmão cultivado de forma mais intensa devido à sua alimentação concentrada em óleos e outros derivados de peixes, que apresentam as substâncias.

Nos últimos 20 anos, a produção de salmão em cativeiro, que costumava ser um item raro nas mesas, explodiu mundialmente em mais de 40 vezes. Estudos realizados em 2002 indicaram que os exemplares criados teriam mais poluentes que os pescados livremente, mas foram rebatidos pelos produtores por terem sido baseados em pequenas amostras. Não é o caso do novo estudo.

Os cientistas calcularam ainda que, em casos de salmões com maior índice de contaminação, como os criados na Escócia ou nas Ilhas Faroes, a quantidade máxima segura para consumo, de modo a evitar riscos de problemas como o câncer, é de apenas 55 gramas por mês. Para o salmão produzido no Chile, o consumo recomendado é de até 220 gramas por mês.

Para ler o artigo publicado na Science, clique aqui.


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