Ao comparar o crânio do Homo floresiensis com o de outras espécies, cientistas encontram semelhanças como Homo erectus (imagem: K.Smith/Un.Washington)

Pequeno notável
04 de março de 2005

Cientistas analisam o diminuto cérebro do Homo floresiensis, descoberto na Indonésia em 2004, encontram similaridades com o Homo erectus e sugerem que a espécie tinha um alto processamento cognitivo

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Cientistas analisam o diminuto cérebro do Homo floresiensis, descoberto na Indonésia em 2004, encontram similaridades com o Homo erectus e sugerem que a espécie tinha um alto processamento cognitivo

04 de março de 2005

Ao comparar o crânio do Homo floresiensis com o de outras espécies, cientistas encontram semelhanças como Homo erectus (imagem: K.Smith/Un.Washington)

 

Agência FAPESP - Como se imaginou, uma das principais descobertas da ciência em 2004 continua dando o que falar. O Homo floresiensis, a nova espécie humana encontrada na ilha de Flores, na Indonésia, acaba de ter sua caixa craniana analisada por um grupo de cientistas de diversos países.

Por meio da análise de imagens tridimensionais, construídas em computador a partir dos fósseis de cerca de 18 mil anos encontrados no ano passado, os pesquisadores concluíram que o cérebro do diminuto H.floresiensis lembra mais o do Homo erectus, ou mesmo o do Australopithecus, do que o do homem moderno.

O esqueleto encontrado por cientistas australianos e indonésios na caverna de Liang Bua é de um adulto, provavelmente uma mulher, com apenas 1 metro de altura e cérebro de meros 380 centímetros cúbicos. Isso é um terço inferior ao tamanho médio do cérebro de um humano moderno. Foi apelidado carinhosamente de "hobbit", em homenagem aos pequenos personagens de O Senhor dos Anéis.

Os ossos do H. floresiensis foram encontrados próximos a ferramentas e à evidência de uso do fogo. De acordo com os autores da análise do crânio da espécie, publicada em 3 de março na versão on-line da revista Science, se os artefatos descobertos estiverem ligados à espécie isso representaria um comportamento surpreendentemente avançado para um hominídeo minúsculo com o cérebro do tamanho de um símio.

Dean Falk, da Universidade do Estado da Flórida, nos Estados Unidos, e colegas que assinam o artigo compararam o crânio virtual do H. floresiensis com as caixas cranianas de outras espécies, como gorilas, Homo erectus, Australopithecus africanus, Paranthropus aethiopecus. Compararam também com os cérebros do Homo sapiens, incluindo o de um pigmeu e o de um homem com um crescimento cerebral anormal (microcefalia).

Os pesquisadores verificaram que a relação entre o tamanho do cérebro e o tamanho do corpo do H. floresiensis o torna mais próximo do Australopithecus. Entretanto, o formato tem mais similaridades com o do H. erectus, apesar de diferenças notáveis, como a do lobo temporal expandido.

Os autores da pesquisa sugerem que essas diferenças são consistentes com a idéia de que a espécie encontrada na Indonésia, apesar do pequeno cérebro, tinha um alto processamento cognitivo. Entretanto, afirmam, mais estudos são necessários para comprovar essa hipótese.

O artigo The Brain of LB1, Homo floresiensis, de D. Falk, C. Hildebolt, K. Smith, B. Brunsden, F. Prior, M.J. Morwood, P. Brown, T. Sutikna, Jatmiko e E.W. Saptomo, pode ser lido no site da Science, em www.sciencexpress.org.


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