Pequenas e saudáveis bocas
04 de novembro de 2003

Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da USP, em Bauru, inaugura Clínica de Bebês e oferece serviço gratuito de orientação a crianças portadoras de fissura labiopalatal

Pequenas e saudáveis bocas

Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da USP, em Bauru, inaugura Clínica de Bebês e oferece serviço gratuito de orientação a crianças portadoras de fissura labiopalatal

04 de novembro de 2003

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - O Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC), da Universidade de São Paulo (USP), em Bauru, também conhecido como Centrinho, está oferecendo um serviço gratuito de orientação a crianças portadoras de fissura labiopalatal em sua recém-inaugurada Clínica de Bebês. Aproximadamente 450 crianças de todo o país e da América Latina já se beneficiaram com o atendimento odontopediátrico oferecido pela nova clínica.

A fissura labiopalatal é uma anomalia craniofacial presente em pelo menos um em cada 650 recém-nascidos no Brasil. Nas fissuras mais comuns, as áreas esquerdas e direitas dos lábios não se juntam, ficando uma linha vertical aberta entre eles. A anomalia normalmente se forma entre a quarta e a décima semana de gestação.

Segundo a odontopediatra Lucimara Teixeira das Neves, do Centrinho, que analisou a condição bucal de 300 crianças portadoras de fissuras em sua pesquisa de mestrado, o que impede a realização da cirurgia corretiva na maioria dos bebês é a presença de lesões de cárie. A boa saúde bucal é pré-requisito fundamental para todo o processo de reabilitação.

Em sua pesquisa, Lucimara dividiu as crianças em dez grupos de acordo com a faixa etária, para em seguida verificar os problemas mais freqüentes por meio de um questionário aplicado aos seus pais. De acordo com os resultados, cerca de 40% dos pais relataram insegurança ao fazer a higiene bucal de seus filhos, a maioria por terem medo de machucar a fissura ou pelo fato de as próprias alterações anatômicas locais dificultarem a limpeza. Alguns confessaram que não faziam a higiene bucal em seus filhos.

A pesquisadora concluiu que as crianças fissuradas são as maiores vítimas de cárie, o que poderia ser evitado a partir de um acompanhamento odontológico preventivo precoce, além de um trabalho de conscientização por parte dos pais. O estudo apontou que a presença de cárie chega a 40% nos grupos formados por crianças de 19 a 24 meses.

"Agora, com a Clínica de Bebês, podemos realizar cirurgias e promover trabalhos preventivos com crianças de até 36 meses", disse Lucimara à Agência FAPESP. "Queremos também fazer um levantamento quantitativo para saber qual é a atuação da clínica na diminuição dos casos de cárie em bebês nesta faixa etária."

Lucimara apresentou seu trabalho na Faculdade de Odontologia da USP e foi premiada no Encontro da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica, em 2002, o que lhe rendeu o convite para apresentar, este ano, sua pesquisa no 21º Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo, na galeria de trabalhos premiados.


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